O mágico
Rio de Janeiro , 1938
Diante do mágico a multidão boquiaberta se esquece. Não há mais lugar na Grande Praça: as ruas adjacentes se cobrem de uma negra onda humana. Em todas as casas a...
O marimbondo
Rio de Janeiro , 1970
Marimbondo furibundo Vai mordendo meio mundo Cuidado com o marimbondo Que esse bicho morde fundo! — Eta bicho danado! Marimbondô De chocolat Saia daqui Sem me morder...
O namorado das ruas
Rio de Janeiro , 2004
Eu sou doido por Alice Mas confesso que a meiguice De Conceição me alucina. Lucília não me dá folga Porém que amor é...
O poeta em trânsito ou o filho pródigo
Rio de Janeiro , 2004
Acordarei as aves que, noturnas Por medo à treva calam-se nos galhos E aguardam insones o romper da aurora. Despertarei os bêbados nos pórticos Os...
Ode a maio
Rio de Janeiro , 2004
Maio dançarino! abre tuas asas diáfanas Sobre as corolas nascituras; limpa os céus De azul; aclara e alegra as águas do mundo Jovem, doce Maio! enxota...
Os quatro elementos
Rio de Janeiro , 1957
I – O FOGO O sol, desrespeitoso do equinócio Cobre o corpo da Amiga de desvelos Amorena-lhe a tez, doura-lhe os pelos Enquanto ela, feliz, desfaz-se em ócio. E ainda,...
Perdoai-me, meus amigos,...
Rio de Janeiro , 2004
Perdoai-me, meus amigos, a minha súbita vontade de chorar em vosso mágico convívio Eu tenho vontade de chorar sobre a minha súbita inocência. Tenho também...
Pescador
Rio de Janeiro , 1946
Pescador, onde vais pescar esta noitada: Nas Pedras Brancas ou na ponte da praia do Barão? Está tão perto que eu não te vejo pescador, apenas ...
Poema de Ano-Novo
Rio de Janeiro , 2004
É preciso que nos encontremos diante do amor como as árvores fêmeas cuja raiz é a mesma e se perde na terra profana É preciso... a tristeza está no fundo...
Poema na morte de meu compadre Carlos Echenique
Rio de Janeiro , 2004
Compadre Você morreu Você morreu de sua morte simples e dolorosa Sonda na barriga (Minha comadre que me perdoe de lembrar essas coisas) Vômitos, e...
Poema nº três em busca da essência
Rio de Janeiro , 2004
Do amor como do fruto. (Sonhos dolorosos das ermas madrugadas acordando…) Nas savanas a visão dos cactos parados à sombra dos escravos - as negras mãos no ventre...
Poesia 1
Rio de Janeiro , 1979
Elegia desesperada Oxford Alguém que me falasse do mistério do Amor Na sombra - alguém! alguém que me mentisse Em sorrisos, enquanto morriam os rios, enquanto...
Princípio
Rio de Janeiro , 1938
Na praia sangrenta a gelatina verde das algas — horizontes! Os olhos do afogado à tona e o sexo no fundo (a contemplação na desagregação da forma...) O mar......
Provavelmente não virei montado...
Rio de Janeiro , 2004
Provavelmente não virei montado Em cavalo nenhum, como soía Nem de armadura, que essa, trago vestida Feita do aço da vida Sobre a cota de malha do...
Receita de mulher
Rio de Janeiro , 1959
As muito feias que me perdoem Mas beleza é fundamental. É preciso Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso Qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute...