Ausência
Rio de Janeiro , 1935
Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto. No entanto a tua...
Azul e branco
Rio de Janeiro , 1946
Concha e cavalo-marinho Mote de Pedro Nava I Massas geométricas Em pautas de música Plástica e silêncio Do...
Balada da moça do Miramar
rio de Janeiro , 1954
Silêncio da madrugada No Edifício Miramar... Sentada em frente à janela Nua, morta, deslumbrada Uma moça mira o mar. Ninguém sabe quem é ela Nem...
Balada da praia do Vidigal
Rio de Janeiro , 1946
A lua foi companheira Na praia do Vidigal Não surgiu, mas mesmo oculta Nos recordou seu luar Teu ventre de maré cheia Vinha em ondas me puxar ...
Balada das arquivistas
rio de Janeiro , 1954
Oh jovens anjos cativos Que as asas vos machucais Nos armários dos arquivos! Delicadas funcionárias Designadas por padrões Prisioneiras honorárias Da mais fria das...
Balada das duas mocinhas de Botafogo
Rio de Janeiro , 1935
Eram duas menininhas Filhas de boa família: Uma chamada Marina A outra chamada Marília. Os dezoito da primeira Eram brejeiros e finos Os vinte...
Balada das lavadeiras
Rio de Janeiro , 2004
Lava, lava, lavadeira A roupa do teu patrão Sua camisa de linho Sua meia-confecção Enxágua seu lenço sujo Todo sujo de...
Balada das meninas de bicicleta
Rio de Janeiro , 1946
Meninas de bicicleta Que fagueiras pedalais Quero ser vosso poeta! Ó transitórias estátuas Esfuziantes de azul Louras com peles mulatas ...
Balada de Botafogo
Rio de Janeiro , 2004
Ó luas de Botafogo Luas que não voltam mais A se masturbarem nuas Sobre o flúmen dessas ruas Minhas ruas transversais. Ó transversais,...
Balada de Di Cavalcanti
Rio de Janeiro , 2004
Nos sessenta e cinco anos do pintor mais jovem do Brasil Carioca Di Cavalcanti É com a maior emoção Que este também carioca Te traz...
Balada de Pedro Nava
Rio de Janeiro , 1946
(O anjo e o túmulo) I Meu amigo Pedro Nava Em que navio embarcou: A bordo do Westphalia Ou a bordo do Lidador? Em que...
Balada do cavalão
Rio de Janeiro , 1946
A tarde morre bem tarde No morro do Cavalão... Tem um poder de sossego. Dentro do meu coração Quanto sangue derramado! Balança, rede,...
Balada do enterrado vivo
Rio de Janeiro , 1946
Na mais medonha das trevas Acabei de despertar Soterrado sob um túmulo. De nada chego a lembrar Sinto meu corpo pesar Como se fosse de chumbo. ...
Balada do mangue
Oxford , 1946
Pobres flores gonocócicas Que à noite despetalais As vossas pétalas tóxicas! Pobre de vós, pensas, murchas Orquídeas do...
Balada do morto vivo
rio de Janeiro , 1954
Tatiana, hoje vou contar O caso do Inglês espírito Ou melhor: do morto vivo. Diz que mesmo sucedeu E a dona protagonista Se quiser pode ser vista No hospício mais...