A bomba atômica I
rio de Janeiro , 1954
e = mc2 Einstein Deusa, visão dos céus que me domina … tu que és mulher e nada mais! (Deusa, valsa carioca.) Dos céus descendo Meu...
A brusca poesia da mulher amada
Rio de Janeiro , 1938
Longe dos pescadores os rios infindáveis vão morrendo de sede lentamente... Eles foram vistos caminhando de noite para o amor — oh, a mulher amada é como a fonte! A...
A brusca poesia da mulher amada (II)
Rio de Janeiro , 1959
A mulher amada carrega o cetro, o seu fastígio É máximo. A mulher amada é aquela que aponta para a noite E de cujo seio surge a aurora. A mulher amada ...
A brusca poesia da mulher amada (III)
Rio de Janeiro , 2004
Rio de Janeiro A Nelita Minha mãe, alisa de minha fronte todas as cicatrizes do passado Minha irmã, conta-me histórias da infância em que que eu haja...
A cidade antiga
Rio de Janeiro , 2004
Houve tempo em que a cidade tinha pêlo na axila E em que os parques usavam cinto de castidade As gaivotas do Pharoux não contavam em absoluto Com a posterior...
A espantosa ode a São Francisco de Assis
Rio de Janeiro , 2004
1 Meu são Francisco de Assis, Francisco de Assim, poverello, ou como te chame a sabedoria dos povos e dos homens Este é Vinicius de Moraes, de quem se podia dizer - o poeta - se...
A esposa
Rio de Janeiro , 1933
Às vezes, nessas noites frias e enevoadas Onde o silêncio nasce dos ruídos monótonos e mansos Essa estranha visão de mulher calma Surgindo do vazio dos meus olhos...
A manhã do morto
rio de Janeiro , 1954
O poeta, na noite de 25 de fevereiro de 1945, sonha que vários amigos seus perderam a vida num desastre de avião, em meio a uma inexplicável viagem para São Paulo. ...
A máscara da noite
Rio de Janeiro , 1954
Sim, essa tarde conhece todos os meus pensamentos Todos os meus segredos e todos os meus patéticos anseios Sob esse céu como uma visão azul de incenso As estrelas são...
A mulher na noite
Rio de Janeiro , 1935
Eu fiquei imóvel e no escuro tu vieste. A chuva batia nas vidraças e escorria nas calhas — vinhas andando e eu não te via Contudo a volúpia entrou em mim e ulcerou a...
A mulher que passa
Rio de Janeiro , 1938
Meu Deus, eu quero a mulher que passa. Seu dorso frio é um campo de lírios Tem sete cores nos seus cabelos Sete esperanças na boca fresca! Oh! como és linda, mulher...
A partida
Rio de Janeiro , 1946
Quero ir-me embora pra estrela Que vi luzindo no céu Na várzea do setestrelo. Sairei de casa à tarde Na hora crepuscular Em minha rua...
A que há de vir
Rio de Janeiro , 1933
Aquela que dormirá comigo todas as luas É a desejada de minha alma. Ela me dará o amor do seu coração E me dará o amor da sua carne. Ela abandonará...
A queda
Rio de Janeiro , 1935
Tu te abaterás sobre mim querendo domar-me mas eu te resistirei Porque a minha natureza é mais poderosa do que a tua. Ao meu abraço procurarás condensar-te em força...
A última parábola
Rio de Janeiro , 1935
No céu um dia eu vi — quando? — era na tarde roxa As nuvens brancas e ligeiras do levante contarem a história estranha e desconhecida De um cordeiro de luz que pastava no...