Elegia quase uma ode
Itatiaia-RJ , 1943
Meu sonho, eu te perdi; tornei-me em homem. O verso que mergulha o fundo de minha alma É simples e fatal, mas não traz carícia... Lembra-me de ti, poesia...
Mensagem a Rubem Braga
Rio de Janeiro , 1954
Os doces montes cônicos de feno (Decassílabo solto num postal de Rubem Braga, da Itália.) A meu amigo Rubem Braga Digam que vou, que vamos bem: só não...
Minha mãe, diz a santa Teresa que quando eu morrer...
Rio de Janeiro , 2004
Minha mãe, diz a santa Teresa que quando eu morrer Eu quero ir para o céu. Fala com são Francisco também, providencia Conta minha infância, quando...
Nessa sala perdida na Inglaterra...
Rio de Janeiro , 2004
Oxford Nessa sala perdida na Inglaterra Vivo entre coisas mortas, vivo e mudo Poeta louco e triste, eu te saúdo No teu quarto de século na terra ...
O cemitério na madrugada
Rio de Janeiro , 1938
Às cinco da manhã a angústia se veste de branco E fica como louca, sentada, espiando o mar... É a hora em que se acende o fogo-fátuo da madrugada Sobre os...
O haver
Rio de Janeiro , 2004
Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura Essa intimidade perfeita com o silêncio Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo - Perdoai-os! porque eles...
O mergulhador
Rio de Janeiro , 1959
E il naufragar m'è dolce in questo mare Leopardi Como, dentro do mar, libérrimos, os polvos No líquido luar tateiam a coisa a vir Assim, dentro...
O poeta
Rio de Janeiro , 1962
Olhos que recolhem Só tristeza e adeus Para que outros olhem Com amor os seus. Mãos que só despejam Silêncios e dúvidas ...
O poeta na madrugada
Rio de Janeiro , 1933
Quando o poeta chegou à cidade A aurora vinha clareando o céu distante E as primeiras mulheres passavam levando cântaros cheios. Os olhos do poeta tinham as claridades da aurora...
Os bens imóveis
Rio de Janeiro , 2004
Montevidéu Sua ausência... a asa Roça-me, do pranto... Por ela, em meu canto Chorei tanto, tanto... - Não é mesmo, Casa? Que...
Os inconsoláveis
Rio de Janeiro , 1933
Desesperados vamos pelos caminhos desertos Sem lágrimas nos olhos Desesperados buscamos constelações no céu enorme E em tudo, a escuridão. Quem nos levará...
Patético
Rio de Janeiro , 2004
Está ausente. Ausente como as vozes da minha infância E muda - eu lhe dou adeus de todos os espaços Grito o seu nome em todas as ruas - e os trens passam deixando a...
Poema de Ano-Novo
Rio de Janeiro , 2004
É preciso que nos encontremos diante do amor como as árvores fêmeas cuja raiz é a mesma e se perde na terra profana É preciso... a tristeza está no fundo...
Poema de Auteil
Rio de Janeiro , 1959
A coisa não é bem essa. Não há nenhuma razão no mundo (ou talvez só tu, Tristeza!) Para eu estar andando nesse meio-dia por essa rua estrangeira...
Poema na morte de meu compadre Carlos Echenique
Rio de Janeiro , 2004
Compadre Você morreu Você morreu de sua morte simples e dolorosa Sonda na barriga (Minha comadre que me perdoe de lembrar essas coisas) Vômitos, e...