Balada do morto vivo
rio de Janeiro , 1954
Tatiana, hoje vou contar O caso do Inglês espírito Ou melhor: do morto vivo. Diz que mesmo sucedeu E a dona protagonista Se quiser pode ser vista No hospício mais...
Balada feroz
Rio de Janeiro , 1938
Canta uma esperança desatinada para que se enfureçam silenciosamente os cadáveres dos afogado Canta para que grasne sarcasticamente o corvo que tens pousado sobre a tua...
Balada negra
Rio de Janeiro , 1935
Éramos meu pai e eu E um negro, negro cavalo Ele montado na sela, Eu na garupa enganchado. Quando? eu nem sabia ler Por quê? saber não me foi...
Balada para Maria
Rio de Janeiro , 1938
Não sei o que me angustia Tardiamente; em meu peito Vive dormindo perfeito O sono dessa agonia... Saudades tuas, Maria? Na volúpia de uma flora Úmida, pecaminosa Nasceu...
Balanço do filho morto
2013
Homem sentado na cadeira de balanço Sentado na cadeira de balanço Na cadeira de balanço De balanço Balanço do filho morto. Homem sentado na cadeira de...
Beleza do corpo da amiga
Rio de Janeiro , 2004
Amiga, teu corpo é como uma sombra quente Onde eu me deito para mirar a água tranqüila dos teus olhos Amiga, teus olhos são como uma água...
Bilhete a Baudelaire
rio de Janeiro , 1954
Poeta, um pouco à tua maneira E para distrair o spleen Que estou sentindo vir a mim Em sua ronda costumeira Folheando-te, reencontro a rara Delícia de me deparar Com tua...
Blues para Emmet Louis Till
Rio de Janeiro , 1962
(O negrinho americano que ousou assoviar para uma mulher branca) Os assassinos de Emmet - Poor Mamma Till! Chegaram sem avisar - Poor Mamma Till! Mascando cacos...
Bom dia, tristeza
Rio de Janeiro , 2004
Bom dia, tristeza Que tarde, tristeza Você veio hoje me ver Já estava ficando Até meio triste De estar tanto tempo Longe de...
Canção para a amiga dormindo
Rio de Janeiro , 1962
Dorme, amiga, dorme Teu sono de rosa Uma paz imensa Desceu nesta hora. Cerra bem as pétalas Do teu corpo imóvel E pede ao silêncio ...
Cântico
Rio de Janeiro , 1946
Não, tu não és um sonho, és a existência Tens carne, tens fadiga e tens pudor No calmo peito teu. Tu és a estrela Sem nome, és a...
Carta aos puros
Rio de Janeiro , 1935
Ó vós, homens sem sol, que vos dizeis os Puros E em cujos olhos queima um lento fogo frio Vós de nervos de nylon e de músculos duros Capazes de...
Carta do ausente
Montevidéu , 1962
Meus amigos, se durante o meu recesso virem por acaso passar a minha amada Peçam silêncio geral. Depois Apontem para o infinito. Ela deve ir Como uma sonâmbula,...
Cartão-postal
Rio de Janeiro , 2004
v avião v v R IO Rio lua DEJA ...
Cemitério marinho
Rio de Janeiro , 2004
Tal como anjos em decúbito A conversar com o céu baixinho Existem cerca de cem túmulos Num lindo cemiteriozinho Que eu, a passeio, descobri Um...