Sacrifício
Rio de Janeiro , 1933
Num instante foi o sangue, o horror, a morte na lama do chão. — Segue, disse a voz. E o homem seguiu, impávido Pisando o sangue do chão, vibrando, na luta. No ódio...
Sinos de Oxford
Rio de Janeiro , 1946
Cantai, sinos, sinos Cantai pelo ar Que tão puros, nunca Mais ireis cantar Cantai leves, leves E logo vibrantes Cantai aos amantes E aos que...
Solilóquio
Rio de Janeiro , 1938
Talvez os imensos limites da pátria me lembrem os puros E amargue em meu coração a descrença. Sinto-me tão cansado de sofrer, tão cansado! — algum dia,...
Sombra e luz
Rio de Janeiro , 1946
I Dança Deus! Sacudindo o mundo Desfigurando estrelas Afogando o mundo Na cinza dos céus Sapateia, Deus Negro na noite Semeando...
Sonata do amor perdido
Rio de Janeiro , 1938
Lamento nº 1 Onde estão os teus olhos — onde estão? — Oh — milagre de amor que escorres dos meus olhos! Na água iluminada dos rios da lua eu os vi...
Soneto a Octávio de Faria
Oxford , 1939
Não te vira cantar sem voz, chorar Sem lágrimas, e lágrimas e estrelas Desencantar, e mudo recolhê-las Para lançá-las fulgurando ao...
Soneto ao caju
Rio de Janeiro , 2004
Hollywood Amo na vida as coisas que têm sumo E oferecem matéria onde pegar Amo a noite, amo a música, amo o mar Amo a mulher, amo o álcool e amo o...
Soneto da Ilha
Rio de Janeiro , 2004
Quarta feira de cinzas, Niterói Eu deitava na praia, a cabeça na areia Abria as pernas aos alísios e ao luar Tonto de maresia; e a mão da maré...
Soneto da mulher ao sol
Rio de Janeiro , 1962
A bordo do Andrea C, a caminho da França Uma mulher ao sol - eis todo o meu desejo Vinda do sal do mar, nua, os braços em cruz A flor dos lábios entreaberta para o...
Soneto de véspera
Oxford , 1939
Quando chegares e eu te vir chorando De tanto te esperar, que te direi? E da angústia de amar-te, te esperando Reencontrada, como te amarei? Que beijo teu de...
Soneto do só
rio de Janeiro , 1954
(Parábola de Malte Laurids Brigge) Depois foi só. O amor era mais nada Sentiu-se pobre e triste como Jó Um cão veio lamber-lhe a mão na estrada Espantado,...
Tanguinho macabro
Rio de Janeiro , 2004
- Maricota, sai da chuva Você vai se resfriar! Maricota, sai da chuva Você vai se resfriar! - Não me chamo Maricota Nem me vou arresfriar ...
Um dia, como estivesse parado...
Rio de Janeiro , 2004
Um dia, como estivesse parado à borda de uma montanha ao Sol poente Apascentando a sua poesia diante dos trigais e contemplando as cidades douradas Viu o Príncipe-Poeta a minha sombra...
Uma mulher no meio do mar
Rio de Janeiro , 1935
(Sobre um desenho original de Almir Castro) Na praia batida de vento a voz entrecortada chama Dentro da noite amarga a grande lua está contigo e está com ela — pousa o teu...
Valsa do amor de nós dois
Rio de Janeiro , 2004
Vem ver o mar Vem que Copacabana é linda Vamos ser só nós dois E o que vai ser depois É melhor, é melhor nem pensar Ah,...