Canção
Rio de Janeiro , 1946
Não leves nunca de mim A filha que tu me deste A doce, úmida, tranqüila Filhinha que tu me deste Deixe-a, que bem me persiga Seu balbucio...
Canção para a amiga dormindo
Rio de Janeiro , 1962
Dorme, amiga, dorme Teu sono de rosa Uma paz imensa Desceu nesta hora. Cerra bem as pétalas Do teu corpo imóvel E pede ao silêncio ...
Canções
Rio de Janeiro , 1946
Soneto de fidelidade Vinicius de Moraes , Capiba "De tudo, ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu...
Cântico
Rio de Janeiro , 1946
Não, tu não és um sonho, és a existência Tens carne, tens fadiga e tens pudor No calmo peito teu. Tu és a estrela Sem nome, és a...
Carta aos puros
Rio de Janeiro , 1935
Ó vós, homens sem sol, que vos dizeis os Puros E em cujos olhos queima um lento fogo frio Vós de nervos de nylon e de músculos duros Capazes de...
Carta do ausente
Montevidéu , 1962
Meus amigos, se durante o meu recesso virem por acaso passar a minha amada Peçam silêncio geral. Depois Apontem para o infinito. Ela deve ir Como uma sonâmbula,...
Cartão-postal
Rio de Janeiro , 2004
v avião v v R IO Rio lua DEJA ...
Cemitério marinho
Rio de Janeiro , 2004
Tal como anjos em decúbito A conversar com o céu baixinho Existem cerca de cem túmulos Num lindo cemiteriozinho Que eu, a passeio, descobri Um...
Contemplações do poeta ao cair da noite
Rio de Janeiro , 1962
Ainda há pouco, a reler a página admirável de frei Luís de Sousa, cujo título, possivelmente dado pelos antologistas Álvaro Lins e Aurélio Buarque de...
Copacabana
Los Angeles , 1948
Esta é Copacabana, ampla laguna Curva e horizonte, arco de amor vibrando Suas flechas de luz contra o infinito. Aqui meus olhos desnudaram estrelas Aqui meus...
Da fidelidade
Rio de Janeiro , 2004
Há alguma coisa maior que nós mesmos que é a fidelidade a nós mesmos Flor espantosa que vive das águas cáusticas e das terras apodrecidas da prodigiosa...
De madrugada, na alta serra...
Rio de Janeiro , 2004
De madrugada, na alta serra Desencanta-se o Príncipe da Terra De madrugada, na alta serra Ouve-se a voz que aterra O canto pressago, frio como um sorriso Do...
De noite para proclamar-se minha escrava...
Rio de Janeiro , 2004
De noite para proclamar-se minha escrava E antes mesmo de tê-la, tendo-a na boca presa Era o jovem que fui, semeador de beleza Que voltava do mar a dizer, triunfal ...
De sobre ti levanto o meu cadáver...
Rio de Janeiro , 2004
De sobre ti levanto o meu cadáver. Vejo teus seios que fogem, teu rosto que se cobre de sombras O ventre maldito nos acorrenta ainda. Sinto que penetras um mar...
Desde sempre
Rio de Janeiro , 1933
Na minha frente, no cinema escuro e silencioso Eu vejo as imagens musicalmente rítmicas Narrando a beleza suave de um drama de amor. Atrás de mim, no cinema escuro e silencioso...