Balanço do filho morto
2013
Homem sentado na cadeira de balanço Sentado na cadeira de balanço Na cadeira de balanço De balanço Balanço do filho morto. Homem sentado na cadeira de...
Bom dia, tristeza
Rio de Janeiro , 2004
Bom dia, tristeza Que tarde, tristeza Você veio hoje me ver Já estava ficando Até meio triste De estar tanto tempo Longe de...
Canção
Rio de Janeiro , 1946
Não leves nunca de mim A filha que tu me deste A doce, úmida, tranqüila Filhinha que tu me deste Deixe-a, que bem me persiga Seu balbucio...
Canções
Rio de Janeiro , 1946
Soneto de fidelidade Vinicius de Moraes , Capiba "De tudo, ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu...
Cântico
Rio de Janeiro , 1946
Não, tu não és um sonho, és a existência Tens carne, tens fadiga e tens pudor No calmo peito teu. Tu és a estrela Sem nome, és a...
Carta aos puros
Rio de Janeiro , 1935
Ó vós, homens sem sol, que vos dizeis os Puros E em cujos olhos queima um lento fogo frio Vós de nervos de nylon e de músculos duros Capazes de...
Carta do ausente
Montevidéu , 1962
Meus amigos, se durante o meu recesso virem por acaso passar a minha amada Peçam silêncio geral. Depois Apontem para o infinito. Ela deve ir Como uma sonâmbula,...
Cinepoema
rio de Janeiro , 1954
O preto no branco Manuel Bandeira O preto no banco A branca na areia O preto no banco A branca na areia Silêncio na praia De Copacabana. A branca no branco Dos olhos...
Crepúsculo em New York
Rio de Janeiro , 1954
Com um gesto fulgurante o Arcanjo Gabriel Abre de par em par o pórtico do poente Sobre New York. A gigantesca espada de ouro A faiscar simetria, ei-lo que monta guarda A Heavens,...
De noite para proclamar-se minha escrava...
Rio de Janeiro , 2004
De noite para proclamar-se minha escrava E antes mesmo de tê-la, tendo-a na boca presa Era o jovem que fui, semeador de beleza Que voltava do mar a dizer, triunfal ...
Desert Hot Springs
Rio de Janeiro , 1954
Na piscina pública de Desert Hot Springs O homem, meu heroico semelhante Arrasta pelo ladrilho deformidades insolúveis. Nesta, como em outras lutas Sua grandeza reveste-se de uma...
Elegia ao primeiro amigo
Rio de Janeiro , 1943
Seguramente não sou eu Ou antes: não é o ser que eu sou, sem finalidade e sem história. É antes uma vontade indizível de te falar docemente De te lembrar...
Elegia desesperada
Oxford , 1943
Alguém que me falasse do mistério do Amor Na sombra — alguém; alguém que me mentisse Em sorrisos, enquanto morriam os rios, enquanto morriam As aves do céu!...
Elegia lírica
Itatiaia-RJ , 1943
Um dia, tendo ouvido bruscamente o apelo da amiga desconhecida Pus-me a descer contente pela estrada branca do sul E em vão eram tristes os rios e torvas as águas Nos...
Elegia na morte de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, poeta e Cidadão
rio de Janeiro , 1954
A morte chegou pelo interurbano em longas espirais metálicas. Era de madrugada. Ouvi a voz de minha mãe, viúva. De repente não tinha pai. No escuro de minha casa em Los...