Os acrobatas
Rio de Janeiro , 1946
Subamos! Subamos acima Subamos além, subamos Acima do além, subamos! Com a posse física dos braços Inelutavelmente galgaremos O...
Os quatro elementos
Rio de Janeiro , 1957
I – O FOGO O sol, desrespeitoso do equinócio Cobre o corpo da Amiga de desvelos Amorena-lhe a tez, doura-lhe os pelos Enquanto ela, feliz, desfaz-se em ócio. E ainda,...
Patético
Rio de Janeiro , 2004
Está ausente. Ausente como as vozes da minha infância E muda - eu lhe dou adeus de todos os espaços Grito o seu nome em todas as ruas - e os trens passam deixando a...
Pátria minha
Barcelona , 1949
A minha pátria é como se não fosse, é íntima Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo É minha pátria. Por isso, no...
Perdoai-me, meus amigos,...
Rio de Janeiro , 2004
Perdoai-me, meus amigos, a minha súbita vontade de chorar em vosso mágico convívio Eu tenho vontade de chorar sobre a minha súbita inocência. Tenho também...
Pescador
Rio de Janeiro , 1946
Pescador, onde vais pescar esta noitada: Nas Pedras Brancas ou na ponte da praia do Barão? Está tão perto que eu não te vejo pescador, apenas ...
Poema de aniversário
Rio de Janeiro , 1962
Porque fizeste anos, Bem-Amada, e a asa do tempo roçou teus cabelos negros, e teus grandes olhos calmos miraram por um momento o inescrutável Norte... Eu quisera...
Poema de Auteil
Rio de Janeiro , 1959
A coisa não é bem essa. Não há nenhuma razão no mundo (ou talvez só tu, Tristeza!) Para eu estar andando nesse meio-dia por essa rua estrangeira...
Poema enjoadinho
rio de Janeiro , 1954
Filhos... Filhos? Melhor não tê-los! Mas se não os temos Como sabê-los? Se não os temos Que de consulta Quanto silêncio Como os queremos! Banho de...
Poema na morte de meu compadre Carlos Echenique
Rio de Janeiro , 2004
Compadre Você morreu Você morreu de sua morte simples e dolorosa Sonda na barriga (Minha comadre que me perdoe de lembrar essas coisas) Vômitos, e...
Poema para todas as mulheres
Rio de Janeiro , 1938
No teu branco seio eu choro. Minhas lágrimas descem pelo teu ventre E se embebedam do perfume do teu sexo. Mulher, que máquina és, que só me tens desesperado Confuso,...
Poesia 1
Rio de Janeiro , 1979
Elegia desesperada Oxford Alguém que me falasse do mistério do Amor Na sombra - alguém! alguém que me mentisse Em sorrisos, enquanto morriam os rios, enquanto...
Princípio
Rio de Janeiro , 1938
Na praia sangrenta a gelatina verde das algas — horizontes! Os olhos do afogado à tona e o sexo no fundo (a contemplação na desagregação da forma...) O mar......
Provavelmente não virei montado...
Rio de Janeiro , 2004
Provavelmente não virei montado Em cavalo nenhum, como soía Nem de armadura, que essa, trago vestida Feita do aço da vida Sobre a cota de malha do...
Quatro sonetos de meditação
Oxford , 1946
I Mas o instante passou. A carne nova Sente a primeira fibra enrijecer E o seu sonho infinito de morrer Passa a caber no berço de uma cova. Outra carne...