As procelárias
Rio de Janeiro , 2004
De minha velha torre eu acompanho cada ano as aves que fogem dos climas atrozes Lentas aves cuja multidão de asas batendo deixa a tempestade boiar sobre os verdes oceanos dos...
Balada das duas mocinhas de Botafogo
Rio de Janeiro , 1935
Eram duas menininhas Filhas de boa família: Uma chamada Marina A outra chamada Marília. Os dezoito da primeira Eram brejeiros e finos Os vinte...
Balada do morto vivo
rio de Janeiro , 1954
Tatiana, hoje vou contar O caso do Inglês espírito Ou melhor: do morto vivo. Diz que mesmo sucedeu E a dona protagonista Se quiser pode ser vista No hospício mais...
Bilhete a Baudelaire
rio de Janeiro , 1954
Poeta, um pouco à tua maneira E para distrair o spleen Que estou sentindo vir a mim Em sua ronda costumeira Folheando-te, reencontro a rara Delícia de me deparar Com tua...
Bom dia, tristeza
Rio de Janeiro , 2004
Bom dia, tristeza Que tarde, tristeza Você veio hoje me ver Já estava ficando Até meio triste De estar tanto tempo Longe de...
Carta do ausente
Montevidéu , 1962
Meus amigos, se durante o meu recesso virem por acaso passar a minha amada Peçam silêncio geral. Depois Apontem para o infinito. Ela deve ir Como uma sonâmbula,...
Cemitério marinho
Rio de Janeiro , 2004
Tal como anjos em decúbito A conversar com o céu baixinho Existem cerca de cem túmulos Num lindo cemiteriozinho Que eu, a passeio, descobri Um...
Copacabana
Los Angeles , 1948
Esta é Copacabana, ampla laguna Curva e horizonte, arco de amor vibrando Suas flechas de luz contra o infinito. Aqui meus olhos desnudaram estrelas Aqui meus...
E depois tem a questão de ter paciência...
Rio de Janeiro , 2004
E depois tem a questão de ter paciência Não se deixar levar, estar preparado e ao mesmo tempo certo De que ainda é possível... E depois Tem a...
Ela entrou como um pássaro no museu de memórias...
Rio de Janeiro , 2004
Ela entrou como um pássaro no museu de memórias E no mosaico em preto e branco pôs-se a brincar de dança. Não soube se era um anjo, seus braços...
Ele é o mundo extremo de beleza...
Rio de Janeiro , 2004
Ele é o mundo extremo de beleza e de todas as idéias passadas e futuras É a sabedoria de todas as coisas na sua essência de música e de poesia É a...
Elegia ao primeiro amigo
Rio de Janeiro , 1943
Seguramente não sou eu Ou antes: não é o ser que eu sou, sem finalidade e sem história. É antes uma vontade indizível de te falar docemente De te lembrar...
Elegia de Paris
Rio de Janeiro , 2004
Maintenant j'ai trop vu. Neste momento Eu gostaria de esquecer as prostitutas de Amsterdam Em seus mostruários, e os modelos De Dior, comendo...
Elegia na morte de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, poeta e Cidadão
rio de Janeiro , 1954
A morte chegou pelo interurbano em longas espirais metálicas. Era de madrugada. Ouvi a voz de minha mãe, viúva. De repente não tinha pai. No escuro de minha casa em Los...
Elegia quase uma ode
Itatiaia-RJ , 1943
Meu sonho, eu te perdi; tornei-me em homem. O verso que mergulha o fundo de minha alma É simples e fatal, mas não traz carícia... Lembra-me de ti, poesia...