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Testamento

Vinicius de Moraes, Toquinho

Você que só ganha pra juntar 
O que é que há, diz pra mim, o que é que há? 
Você vai ver um dia 
Em que fria você vai entrar 

Por cima uma laje 
Embaixo a escuridão 
É fogo, irmão! É fogo, irrnão! 


Falado 

Pois é, amigo, como se dizia antigamente, o buraco é mais embaixo... E você com todo o seu baú, vai ficar por lá na mais total solidão, pensando à beça que não levou nada do que juntou: só seu terno de cerimônia. Que fossa, hein, meu chapa, que fossa... 


Cantado 

Você que não pára pra pensar 
Que o tempo é curto e não pára de passar 
Você vai ver um dia, que remorso! 

Como é bom parar 
Ver um sol se pôr 
Ou ver um sol raiar 
E desligar, e desligar 


Falado 

Mas você, que esperança... Bolsa, títulos, capital de giro, public relations (e tome gravata!), protocolos, comendas, caviar, champanhe (e tome gravata!), o amor sem paixão, o corpo sem alma, o pensamento sem espírito 
(e tome gravata!) e lá um belo dia, o enfarte; ou, pior ainda, o psiquiatra 


Cantado 

Você que só faz usufruir 
E tem mulher pra usar ou pra exibir 
Você vai ver um dia 
Em que toca você foi bulir! 
A mulher foi feita 
Pro amor e pro perdão 
Cai nessa não, cai nessa não 


Falado 

Você, por exemplo, está aí com a boneca do seu lado, linda e chiquérrima, crente que é o amo e senhor do material. É, amigo, mas ela anda longe, perdida num mundo lírico e confuso, cheio de canções, aventura e magia. E você nem sequer toca a sua alma. É, as mulheres são muito estranhas, muito estranhas 


Cantado 

Você que não gosta de gostar 
Pra não sofrer, não sorrir e não chorar 
Você vai ver um dia 
Em que fria você vai entrar! 

Por cima uma laje 
Embaixo a escuridão 
É fogo, irmão! É fogo, irmão!


Tonga Editora Musical LTDA