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Soneto Nr. 2 - De Meditação

Vinicius de Moraes

Uma mulher me ama. Se eu me fosse 
Talvez ela sentisse o desalento 
Da árvore jovem que não ouve o vento 
Inconstante e fiel, tardio e doce. 

Na sua tarde em flor. Uma mulher 
Me ama como a chama ama o silêncio 
E o seu amor vitorioso vence 
O desejo da morte que me quer. 

Uma mulher me ama. Quando o escuro 
Do crepúsculo mórbido e maduro 
Me leva a face ao gênio dos espelhos 

E eu, moço, busco em vão meus olhos velhos 
Vindos de ver a morte em mim divina: 
Uma mulher me ama e me ilumina.