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Pot-pourri nº 5: São demais os perigos desta vida / As cores de abril / O filho que eu quero ter

Vinicius de Moraes, Toquinho

São demais os perigos desta vida
(Toquinho / Vinicius de Moraes)

São demais os perigos desta vida 
Pra quem tem paixão principalmente 
Quando uma lua chega de repente 
E se deixa no céu, como esquecida 

E se ao luar que atua desvairado 
Vem se unir uma música qualquer 
Aí então é preciso ter cuidado 
Porque deve andar perto uma mulher 

Deve andar perto uma mulher que é feita 
De música, luar e sentimento 
E que a vida não quer de tão perfeita 

Uma mulher que é como a própria lua: 
Tão linda que só espalha sofrimento 
Tão cheia de pudor que vive nua

Tonga Editora Musical LTDA


As cores de abril
(Toquinho / Vinicius de Moraes)

As cores de abril 
Os ares de anil 
O mundo se abriu em flor 
E pássaros mil 
Nas flores de abril 
Voando e fazendo amor 

O canto gentil 
De quem bem te viu 
Num pranto desolador 
Não chora, me ouviu 
Que as cores de abril 
Não querem saber de dor 

Olha quanta beleza 
Tudo é pura visão 
E a natureza transforma a vida em canção 

Sou eu, o poeta, quem diz 
Vai e canta, meu irmão 
Ser feliz é viver morto de paixão

Tonga Editora Musical LTDA


O filho que eu quero ter
(Toquinho / Vinicius de Moraes)

É comum a gente sonhar, eu sei, quando vem o entardecer
Pois eu também dei de sonhar um sonho lindo de morrer
Vejo um berço e nele eu me debruçar com o pranto a me correr
E assim chorando acalentar o filho que eu quero ter
Dorme, meu pequenininho, dorme que a noite já vem
Teu pai está muito sozinho de tanto amor que ele tem

De repente eu vejo se transformar num menino igual à mim
Que vem correndo me beijar quando eu chegar lá de onde eu vim
Um menino sempre a me perguntar um porque que não tem fim
Um filho a quem só queira bem e a quem só diga que sim
Dorme menino levado, dorme que a vida já vem
Teu pai está muito cansado de tanta dor que ele tem

Quando a vida enfim me quiser levar pelo tanto que me deu
Sentir-lhe a barba me roçar no derradeiro beijo seu
E ao sentir também sua mão vedar meu olhar dos olhos seus
Ouvir-lhe a voz a me embalar num acalanto de adeus
Dorme meu pai sem cuidado, dorme que ao entardecer
Teu filho sonha acordado, com o filho que ele quer ter.