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Pot-pourri nº 1: A bênção, Bahia / Tarde em Itapoã / Tatamirô (em louvor de Mãe Menininha) / Meu Pai Oxalá / Canto de Oxum / Maria vai com as outras

Vinicius de Moraes, Toquinho

A bênção, Bahia
(Vinicius de Moraes / Toquinho)

Olorô, Bahia 
Nós viemos pedir sua bênção, saravá! 
Hepa hê, meu guia 
Nós viemos dormir no colinho de lemanjá! 

Nanã Borokô fazer um Bulandê 
Efó, caruru e aluá 
Pimenta bastante pra fazer sofrer 
Bastante mulata para amar 

Fazer juntó 
Meu guia, hê 
Seu guia, hê 
Bahia! 

Saravá, senhora 
Nossa mãe foi-se embora pra sempre do Afojá 
A rainha agora 
É Oxum, é a mãe Menininha do Gantois 

Pedir à mãe Olga do Alakêto, hê 
Chamar Inhansã para dançar 
Xangô, rei Xangô, Kabueci-elê 
Meu pai! Oxalá, hepa babá! 

A bênção, mãe 
Senhora mãe 
Menina mãe 
Rainha! 

Olorô, Bahia 
Nós viemos pedir sua bênção, saravá! 
Hepa hê, meu guia 
Nós viemos dormir no colinho de lemanjá!

Tonga Editora Musical LTDA


Tarde em Itapoã
(Toquinho / Vinicius de Moraes)

Um velho calção de banho 
O dia pra vadiar 
Um mar que não tem tamanho 
E um arco-íris no ar 
Depois na praça Caymmi 
Sentir preguiça no corpo 
E numa esteira de vime 
Beber uma água de coco 

É bom 
Passar uma tarde em Itapuã 
Ao sol que arde em Itapuã 
Ouvindo o mar de Itapuã 
Falar de amor em Itapuã 

Enquanto o mar inaugura 
Um verde novinho em folha 
Argumentar com doçura 
Com uma cachaça de rolha 
E com o olhar esquecido 
No encontro de céu e mar 
Bem devagar ir sentindo 
A terra toda a rodar 

É bom 
Passar uma tarde em Itapuã 
Ao sol que arde em Itapuã 
Ouvindo o mar de Itapuã 
Falar de amor em Itapuã 

Depois sentir o arrepio 
Do vento que a noite traz 
E o diz-que-diz-que macio 
Que brota dos coqueirais 
E nos espaços serenos 
Sem ontem nem amanhã 
Dormir nos braços morenos 
Da lua de Itapuã 

É bom 
Passar uma tarde em Itapuã 
Ao sol que arde em Itapuã 
Ouvindo o mar de Itapuã 
Falar de amor em Itapuã

Tonga Editora Musical LTDA


Tatamirô (em louvor de Mãe Menininha)
(Toquinho / Vinicius de Moraes)

Apanha folha por folha, Tatamirô 
Apanha maracanã, Tatamirô 
Eu sou filha de Oxalá, Tatamirô 
Menininha me apanhou, Tatamirô! 

Xangô me leva, Oxalá me traz 
Xangô me dá guerra, Oxalá me dá paz 

Apanha folha por folha, Tatamirô 
Apanha maracanã Tatamirô 
Eu sou filho de Ossain, Tatamirô 
Menininha me adotou, Tatamirô! 

Oxalá de frente, Xangô de trás 
Xangô me dá guerra, Oxalá me dá paz 

Apanha folha por folha, Tatamirô 
Apanha maracanã, Tatamirô 
Eu sou filho de Ogun, Tatamirô 
Menininha me ganhou, Tatamirô! 

Apanha folha por folha, Tatamirô 
Apanha maracanã, Tatamirô 
Eu sou filha de Inhansã, Tatamirô 
Menininha me batizou, Tatamirô! 

Apanha folha por folha, Tatamirô 
Apanha maracanã, Tatamirô 
Ela é a Mãe Menininha do Gantois 
Que Oxum abençoou, Tatamirô! 

Oxalá me vem, todo mal me vai 
Xangô é meu Rei, Oxalá é meu pai

Tonga Editora Musical LTDA


Meu Pai Oxalá
(Toquinho / Vinícius de Moraes)

Atotô Abaluayê Atotô babá Atotô Abaluayê Atotô babá
Vem das águas de Oxalá Essa mágoa que me dá Ela parecia o dia A romper da escuridão Linda no seu manto todo branco Em meio à procissão E eu, que ela nem via Ao Deus pedia amor e proteção
Meu pai Oxalá é o rei Venha me valer O velho Omulu Atotô Abaluayê
Que vontade de chorar No terreiro de Oxalá Quando eu dei com a minha ingrata Que era filha de Inhansã Com a sua espada cor-de-prata Em meio à multidão Cercando Xangô num balanceio Cheio de paixão
Atotô Abaluayê Atotô babá Atotô Abaluayê Atotô babá


Canto de Oxum
(Toquinho / Vinicius de Moraes)

Nhem-nhem-nhem 
Nhem-nhem-nhem-xorodó 
Nhem-nhem-nhem-xorodó
É o mar, é o mar 
Fé-fé xorodó! 

Xangô andava em guerra 
Vencia toda a terra 
Tinha ao seu lado 
Inhansã pra lhe ajudar 
Oxum era rainha 
Na mão direita tinha 
O seu espelho onde vivia a se mirar 

Quando Xangô voltou 
O povo celebrou 
Teve uma festa que ninguém mais esqueceu 
Tão linda Oxum entrou 
Que veio o Rei Xangô 
E a colocou no trono esquerdo ao lado seu 

Inhansã apaixonada 
Cravou a sua espada 
No lugar vago que era o trono da traição 
Chamou um temporal 
E no pavor geral 
Correu dali gritando a sua maldição!


Maria vai com as outras
(Toquinho / Vinicius de Moraes)

Maria era uma boa moça 
Pra turma lá do Gantois 
Era a Maria vai com as outras 
Maria de coser, Maria de casar 

Porém o que ninguém sabia 
É que tinha um particular 
Além de coser, além de rezar 
Também era Maria de pecar 

Tumba-ê, caboclo, tumba lá e cá 
Tumba-ê, guerreiro, tumba lá e cá 
Tumba-ê, meu pai, tumba lá e cá 
Não me deixe só, tumba lá e cá 

Maria que não foi com as outras 
Maria que não foi pro mar 
No dia dois de fevereiro 
Maria não brincou na festa de lemanjá 
Não foi jogar água-de-cheiro 
Nem flores pra sua Orixá 
Aí, Iemanjá pegou e levou 
O moço de Maria para o mar 

Tumba-ê, caboclo, tumba lá e cá 
Tumba-ê, guerreiro, tumba lá e cá 
Tumba-ê, meu pai, tumba lá e cá 
Não me deixe só, tumba lá e cá