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Ora (direis)... o que é cinema?
Última Hora , 15 de Dezembro de1951
Esta indagação deve ter ocorrido mais de uma vez ao espectador que não se contenta apenas com o que se passa diante de seus olhos na tela. O que é cinema? deve ele se ter perguntado da mesma forma que já perguntou: O que é poesia? ao sentir um aperto no coração diante de um verso como este de Manuel Bandeira, que se limita a repetir três vezes:
Boi morto! Boi morto! Boi morto!
Já muita gente tentou uma definição de cinema. Desde Canuto, que criou a expressão "Sétima Arte", até este cronista e provavelmente vários outros críticos ensaístas. Definir é uma tendência lógica do homem, e no intelectual um dos seus mais íntimos vezos de vaidade. A maioria dos grandes mestres da prosa de todos os tempos, sobretudo esses grandes lógicos que são os franceses define sempre ao escrever. O exemplo de Gide é característico. Gide escreve definindo.
De um ponto de vista didático, é fácil definir o que é cinema. E a arte da imagem em movimento. Mas justamente porque a palavra "arte" se mete na definição, a coisa toda se complica muito. De um ponto vista estritamente profissional, cinema é um meio de comunicação que emprega o filme de celulóide como veículo de imagem em movimento captada pela câmara cinematográfica, e que através de processamentos técnicos especiais, tais como revelação, corte, montagem, truncagens, sonorização, etc., resulta num espetáculo exibível em salas de projeção para um público determinado. Isso é o que todo mundo sabe. Mas quando alguém vê alguém dizer que um determinado filme "tem cinema", que uma cena qual "está carregada de cinema", então a definição puramente didática já não basta. A pessoa quer saber que imponderável é esse, que dimensão nova é essa que se projeta de uma tela branca onde imagens cinematográficas se sucedem num ritmo predeterminado.
Garnett usou de imagens refletidas de novidade. O revólver que dispara, apesar de se esperar por isso, é um elemento efetivo de choque.
Bravos a Tay Garnett e à Metro. Pena que não façam coisas assim mais comumente.
Boi morto! Boi morto! Boi morto!
Já muita gente tentou uma definição de cinema. Desde Canuto, que criou a expressão "Sétima Arte", até este cronista e provavelmente vários outros críticos ensaístas. Definir é uma tendência lógica do homem, e no intelectual um dos seus mais íntimos vezos de vaidade. A maioria dos grandes mestres da prosa de todos os tempos, sobretudo esses grandes lógicos que são os franceses define sempre ao escrever. O exemplo de Gide é característico. Gide escreve definindo.
De um ponto de vista didático, é fácil definir o que é cinema. E a arte da imagem em movimento. Mas justamente porque a palavra "arte" se mete na definição, a coisa toda se complica muito. De um ponto vista estritamente profissional, cinema é um meio de comunicação que emprega o filme de celulóide como veículo de imagem em movimento captada pela câmara cinematográfica, e que através de processamentos técnicos especiais, tais como revelação, corte, montagem, truncagens, sonorização, etc., resulta num espetáculo exibível em salas de projeção para um público determinado. Isso é o que todo mundo sabe. Mas quando alguém vê alguém dizer que um determinado filme "tem cinema", que uma cena qual "está carregada de cinema", então a definição puramente didática já não basta. A pessoa quer saber que imponderável é esse, que dimensão nova é essa que se projeta de uma tela branca onde imagens cinematográficas se sucedem num ritmo predeterminado.
Garnett usou de imagens refletidas de novidade. O revólver que dispara, apesar de se esperar por isso, é um elemento efetivo de choque.
Bravos a Tay Garnett e à Metro. Pena que não façam coisas assim mais comumente.