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O fantasma de Frankenstein, com Lon Chaney Jr.
A Manhã , 25 de Agosto de1942
Em suas novas aventuras macabras, Frankenstein, que já foi Boris Karloff e agora passou a ser Lon Chaney Jr. (os produtores chamam-no Lon Chaney tout court em homenagem a seu famoso papá), passou a ter um beicinho manhoso e uma expressão bastante mais suave. Os quilos de pasta de maquilagem, as pálpebras artificiais, como cascas, o feitio da cabeça e o corte do cabelo, nada conseguiu esconder a face abobalhada de Lon Chaney Jr., o tipo do big boy atlético, de quem Lewis Milestone se serviu tão bem em Carícia fatal (Of Mice and Men), mas que, em si, é o tipo de esforço inútil para exprimir. Lon Chaney Jr. é dos tais que enrugam a testa para revelar não importa que sensação, desde o crime, a concupiscência, até à cólica de fígado.
Mas o que mais me impressiona neste filme não é Frankenstein propriamente. Fui grande fã do primeiro filme do gênero, onde havia uma das cenas mais belas como cinema que já tive ocasião de ver: a do afogamento da menininha; depois a coisa caiu no fabordão. O que me impressiona é a figura dos cientistas, especialmente o pai da moça. Nunca existiu ninguém tão compenetrado, tão alterado pelos altos problemas biológicos que o animam. Diabo!, fazer às vezes o papel de Deus deve mesmo emprestar uma certa sublimidade científica a um cirurgião. O irmão do criador de Frankenstein, segundo do nome, tem olheiras fundas, uma grande discrição e compunção no falar, uma notável dicção médica, uma precisão absoluta como operador. Transfere massa encefálica do crânio de um para o de outro, disseca, faz eletroterapia, em ponto gigante, com enormes aparelhos cheios de válvulas que disparam cobrinhas elétricas, enfim, uma grande trapalhada.
Desta vez transfere-se cirurgicamente a personalidade de Bela Lugosi para Frankenstein, que fica, de repente, muito astucioso, com planos totalitários e acaba cometendo os piores desatinos. Morre?... Não se sabe... O castelo pega fogo no fim, caem-lhe em cima pesadas vigas do teto, o monstro é abatido. Mas não se engane o leitor. Reaparecerá das próprias cinzas, num filme a ser exibido dentro de seis meses, com o possível nome de O cadáver de Frankenstein ou A ressurreição de Frankenstein ou lá o que seja. Eu pego dinheiro com quem quiser...
Mas o que mais me impressiona neste filme não é Frankenstein propriamente. Fui grande fã do primeiro filme do gênero, onde havia uma das cenas mais belas como cinema que já tive ocasião de ver: a do afogamento da menininha; depois a coisa caiu no fabordão. O que me impressiona é a figura dos cientistas, especialmente o pai da moça. Nunca existiu ninguém tão compenetrado, tão alterado pelos altos problemas biológicos que o animam. Diabo!, fazer às vezes o papel de Deus deve mesmo emprestar uma certa sublimidade científica a um cirurgião. O irmão do criador de Frankenstein, segundo do nome, tem olheiras fundas, uma grande discrição e compunção no falar, uma notável dicção médica, uma precisão absoluta como operador. Transfere massa encefálica do crânio de um para o de outro, disseca, faz eletroterapia, em ponto gigante, com enormes aparelhos cheios de válvulas que disparam cobrinhas elétricas, enfim, uma grande trapalhada.
Desta vez transfere-se cirurgicamente a personalidade de Bela Lugosi para Frankenstein, que fica, de repente, muito astucioso, com planos totalitários e acaba cometendo os piores desatinos. Morre?... Não se sabe... O castelo pega fogo no fim, caem-lhe em cima pesadas vigas do teto, o monstro é abatido. Mas não se engane o leitor. Reaparecerá das próprias cinzas, num filme a ser exibido dentro de seis meses, com o possível nome de O cadáver de Frankenstein ou A ressurreição de Frankenstein ou lá o que seja. Eu pego dinheiro com quem quiser...