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Marilyn Monroe

A Vanguarda , 1 de Outubro de1953

Há qualquer coisa no ar a propósito de Marilyn Monroe. Ainda ontem, sentado com alguns amigos, o nome da jovem e columbesca (para usar de uma classificação da teoria "Pebisco" de meu amigo Eustáquio Duarte) estrela americana surgiu várias vezes na conversa. Notei também que as mulheres ficam mal à vontade quando se fala nela, cada uma de olho nos olhos dos maridos. E força é confessar que os olhos dos maridos adquirem fulgurações diferentes ante as ressonâncias labiais desse nome de mulher.

Eu vos direi: pouca vergonha é o que há a propósito de Marilyn Monroe. Pouca vergonha, minhas senhoras. Os olhos de vossos maridos brilham porque Marilyn Monroe é uma gatinha, toda engraçadinha, toda provocantezinha. Os olhos de vossos maridos brilham porque Marilyn Monroe tem jeito de ser uma grandíssima oferecida, todinha; porque ela tem toda a pinta de ser um bichinho muito quentinho e muito gostador de carinho; porque ela é mimosa por demais benza-a-Deus, os olhos de vossos maridos brilham porque Marilyn Monroe tem aquela mania de mostrar as pernas até o Johnston Office e levantar os braços com um ar ingênuo e vir caminhando assim trançando os pés e se jogando pra cá e pra lá que é aquela beleza, quero dizer, aquela falta de pudor. Tendes toda a razão, minhas senhoras, de procurar subtrair à vista de vossos maridos a figura dessa vandalazinha linda, dessa devoradora de homens, desse papo-de-anjo, dessa gostosura humana que irá um dia queimar no fogo dos infernos a sua culpa de ser tão boa, quero dizer tão má.

Eu também sou contra ela, minhas senhoras. Trata-se, no fundo, de uma menina vulgar, uma mascarada de chicletes, uma ondina perigosa ante a qual todos homens tementes devemos nos persignar; abaixo Marilyn Monroe, minhas senhoras! todo o poder a Silvana Pampanini!!!