Cemitério marinho
Rio de Janeiro , 2004
Tal como anjos em decúbito A conversar com o céu baixinho Existem cerca de cem túmulos Num lindo cemiteriozinho Que eu, a passeio, descobri Um...
Cinepoema
rio de Janeiro , 1954
O preto no branco Manuel Bandeira O preto no banco A branca na areia O preto no banco A branca na areia Silêncio na praia De Copacabana. A branca no branco Dos olhos...
Conjugação da Ausente
rio de Janeiro , 1954
Foram precisos mais dez anos e oito quilos Muitas cãs e um princípio de abdômen (Sem falar na Segunda Grande Guerra, na descoberta da penicilina e na desagregação do...
Contemplações do poeta ao cair da noite
Rio de Janeiro , 1962
Ainda há pouco, a reler a página admirável de frei Luís de Sousa, cujo título, possivelmente dado pelos antologistas Álvaro Lins e Aurélio Buarque de...
Copacabana
Los Angeles , 1948
Esta é Copacabana, ampla laguna Curva e horizonte, arco de amor vibrando Suas flechas de luz contra o infinito. Aqui meus olhos desnudaram estrelas Aqui meus...
Crepúsculo em New York
Rio de Janeiro , 1954
Com um gesto fulgurante o Arcanjo Gabriel Abre de par em par o pórtico do poente Sobre New York. A gigantesca espada de ouro A faiscar simetria, ei-lo que monta guarda A Heavens,...
Da fidelidade
Rio de Janeiro , 2004
Há alguma coisa maior que nós mesmos que é a fidelidade a nós mesmos Flor espantosa que vive das águas cáusticas e das terras apodrecidas da prodigiosa...
De madrugada, na alta serra...
Rio de Janeiro , 2004
De madrugada, na alta serra Desencanta-se o Príncipe da Terra De madrugada, na alta serra Ouve-se a voz que aterra O canto pressago, frio como um sorriso Do...
De noite para proclamar-se minha escrava...
Rio de Janeiro , 2004
De noite para proclamar-se minha escrava E antes mesmo de tê-la, tendo-a na boca presa Era o jovem que fui, semeador de beleza Que voltava do mar a dizer, triunfal ...
De sobre ti levanto o meu cadáver...
Rio de Janeiro , 2004
De sobre ti levanto o meu cadáver. Vejo teus seios que fogem, teu rosto que se cobre de sombras O ventre maldito nos acorrenta ainda. Sinto que penetras um mar...
Deram-me fogo ao gesto terno...
Rio de Janeiro , 2004
Oxford Deram-me fogo ao gesto terno Com que a matei de simpatia Ao descrever-lhe o santo inferno Do seu riso no dia. Diria como eu me disse: -...
Desde sempre
Rio de Janeiro , 1933
Na minha frente, no cinema escuro e silencioso Eu vejo as imagens musicalmente rítmicas Narrando a beleza suave de um drama de amor. Atrás de mim, no cinema escuro e silencioso...
Desert Hot Springs
Rio de Janeiro , 1954
Na piscina pública de Desert Hot Springs O homem, meu heroico semelhante Arrasta pelo ladrilho deformidades insolúveis. Nesta, como em outras lutas Sua grandeza reveste-se de uma...
Dialética
Montevidéu , 1962
É claro que a vida é boa E a alegria, a única indizível emoção É claro que te acho linda Em ti bendigo o amor das coisas...
Dois poeminhas com Sputnik
Rio de Janeiro , 1962
I * Vai, Jorge Lafayette Vai em frente, menininho Pula muro, pinta o sete Manda a bola no vizinho Briga com a turma da rua Sai correndo, joga pique ...