Peças

Poeta com pleno domínio da escrita e do uso imagético das palavras, o teatro seria um caminho natural para quem, como Vinicius, tinha tamanha curiosidade estética. Assim como a música e a poesia, o teatro está presente em sua vida desde os anos de escola, época em que invariavelmente participava das peças infantis de fim de ano do colégio.

Mas é só em 1956 que Vinicius realiza e apresenta ao público seu primeiro projeto teatral. A peça Orfeu da Conceição é uma adaptação do mito grego de Orfeu ao cotidiano suburbano do Rio de Janeiro. A história de Vinicius serve de pano de fundo para a realização do roteiro de Orfeu Negro, filme de Marcel Camus que seria premiado em Cannes e no Oscar de 1959. Espetáculo grandioso, como participação de nomes como Tom Jobim, Carlos Scliar e Oscar Niemeyer, a peça torna-se um marco no teatro brasileiro.

Nas décadas seguintes, Vinicius, mesmo de forma esparsa, continua sua trajetória de dramaturgo. Escreve mais três peças, além de um espetáculo musical com dramaturgia. As peças são Procura-se uma rosa, de 1962, Cordélia e o peregrino, de 1965 e Chacina em Barros Filho, de 1964 ( que seria encenada em 1974, em Salvador, com o título de As Feras). Seu espetáculo musical é Pobre Menina Rica, no qual encena trechos ao lado de Carlos Lyra e Nara Leão, em 1962. 

Apesar de ver suas peças publicadas e algumas delas, como Orfeu, se tornarem marcos do teatro brasileiro, a dramaturgia de Vinicius não atinge a mesma força que seus poemas, escritos e canções. Mesmo assim, não há como falarmos da história do teatro moderno do país sem passarmos pelas ideias e pelos textos que aqui apresentamos ao leitor.