Amizade

Vinicius de Moraes foi um poeta rodeado de amigos. A amizade foi tema de muitos de seus poemas, crônicas e músicas. Era um poeta que ficou conhecido tanto por criar sua obra a partir dos afetos das suas mulheres, quanto pelo amor aos amigos. Foram décadas de trocas constantes entre seus pares de literatura e música, construindo pactos afetivos e histórias de vida.

Com sua polivalência cultural e social, Vinicius esteve rodeado desde a juventude por pessoas das mais diferentes classes e procedências. Eram anônimos e famosos que contribuíram de alguma forma para sua vida e obra. Podemos citar, entre tantos, nomes como Otavio de Faria, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Antonio Maria, Pablo Neruda, Oscar Niemeyer, Di Cavalcanti ou Portinari. Aqui, apresentamos apenas alguns dos principais amigos dessa jornada.

Manuel Bandeira

A amizade entre Vinicius e Manuel Bandeira começa precisamente em 1936, quando o poeta carioca tinha 23 anos e o poeta pernambucano já tinha 50. A diferença de idade não impediu que fosse construída uma das mais sólidas amizades entre poetas brasileiros. Vinícius o chamava de “poeta, pai, áspero irmão”. 

João Cabral de Melo Neto

Vinicius e João Cabral foram diferentes e, de certa forma, complementares. A secura de um equilibrava e se alimentava do lirismo do outro. Eles se conheceram em 1942, durante a visita do escritor norte-americano Waldo Frank. Em Recife, os dois poetas iniciam uma amizade profunda, aproximada pela vida em comum da diplomacia. Foi o “homem que não gosta de música”, como João Cabral ficou conhecido, que, em 1949, publicou em sua prensa  O Livro Inconsútil, 50 exemplares do poema Pátria Minha. Foi ele também quem sugeriu o título de Orfeu da Conceição para a peça de Vinicius. 

Carlos Drummond de Andrade

Drummond e Vinicius nunca foram amigos íntimos, apesar de próximos. Não tinham personalidades parecidas. A diferença no estilo de vida – mais pacato do poeta mineiro e extremamente movimentado do poeta carioca – já nos diz muito dos dois. Mesmo assim, sempre estiveram por perto, trocando cartas e admiração mútua. Drummond, aliás, cunhou algumas das melhores frases sobre Vinicius. Nenhuma delas, porém, sintetiza tanto a amizade dos dois como a declaração definitiva: “Eu queria ter sido Vinicius de Moraes”.

Os “Amigos mineiros”

Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos, Hélio Peregrino e Fernando Sabino formaram durante um bom período um quarteto de amigos inseparáveis, no Rio de Janeiro. As amizades tinham sua origem ainda em Belo Horizonte, antes de todos virem morar no Rio. Foi ainda em 1942, em uma visita a Minas, que Vinicius os conheceu. Ele se tornou amigo do grupo durante uma viagem à capital mineira a convite do então prefeito Juscelino Kubitscheck. A partir daí, criou amizades muito particulares e de toda vida com cada um deles. 

Carlos Leão

O arquiteto Carlos Leão entrou na vida de Vinicius através de seu casamento com Tati, sua primeira mulher. Ou melhor, Vinicius a conheceu através de Carlos, mas com o casamento, essa convivência tornou-se constante, já que Carlos era cunhado de Tati. Ele tornou-se na década de 1940 o grande amigo de Vinicius nas incursões boêmias pelas ruas do Rio. Além disso, foram parceiros em vários projetos, livros e publicações. Foi na casa de Carlos Leão, no Morro do Cavalão, em Niterói, que Vinícius iniciou, ainda em 1942, o texto que, anos depois, se tornaria Orfeu da Conceição.

Rubem Braga

O escritor capixaba Rubem Braga foi durante muito tempo um dos mais próximos amigos de Vinicius. A amizade se consolidou durante os animados anos 1940, quando os dois participavam ativamente de rodas boêmias do Rio de Janeiro. A dupla ficou famosa principalmente na roda de amigos que se reunia no Bar Vermelhinho, no centro da cidade. A roda era célebre por reunir arquitetos, artistas plásticos, escritores, dramaturgos e a fina flor do Modernismo brasileiro daquele período. Anos depois, Braga, ao lado de Fernando Sabino, tornou-se editor de alguns livros do poeta carioca, publicados através de suas editoras Do Autor e Sabiá.