Amor
Rio de Janeiro , 2004
Vamos brincar, amor? vamos jogar peteca Vamos atrapalhar os outros, amor, vamos sair correndo Vamos subir no elevador, vamos sofrer calmamente e sem precipitação? ...
Anfiguri
Rio de Janeiro , 1957
Aquilo que eu ouso Não é o que quero Eu quero o repouso Do que não espero. Não quero o que tenho Pelo que custou Não sei de onde venho Sei para onde...
Antiode à tristeza
Montevidéu , 1962
Ó enfermeira sem som do olhar sem cor Que refletida ao último infinito Pela lúcida insânia dos espelhos Passeias pelo imenso corredor Desta...
Ariana, a mulher
Rio de Janeiro , 1936
Quando, aquela noite, na sala deserta daquela casa cheia da montanha em torno O tempo convergiu para a morte e houve uma cessação estranha seguida de um debruçar do instante para o...
As mulheres ocas
Rio de Janeiro , 1962
Headpiece filled with siraw T.S. Eliot, "The Hollow Men" Nós somos as inorgânicas Frias estátuas de talco Com hálito de...
As procelárias
Rio de Janeiro , 2004
De minha velha torre eu acompanho cada ano as aves que fogem dos climas atrozes Lentas aves cuja multidão de asas batendo deixa a tempestade boiar sobre os verdes oceanos dos...
Ausência
Rio de Janeiro , 1935
Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto. No entanto a tua...
Azul e branco
Rio de Janeiro , 1946
Concha e cavalo-marinho Mote de Pedro Nava I Massas geométricas Em pautas de música Plástica e silêncio Do...
Balada da moça do Miramar
rio de Janeiro , 1954
Silêncio da madrugada No Edifício Miramar... Sentada em frente à janela Nua, morta, deslumbrada Uma moça mira o mar. Ninguém sabe quem é ela Nem...
Balada das duas mocinhas de Botafogo
Rio de Janeiro , 1935
Eram duas menininhas Filhas de boa família: Uma chamada Marina A outra chamada Marília. Os dezoito da primeira Eram brejeiros e finos Os vinte...
Balada do cavalão
Rio de Janeiro , 1946
A tarde morre bem tarde No morro do Cavalão... Tem um poder de sossego. Dentro do meu coração Quanto sangue derramado! Balança, rede,...
Balada do enterrado vivo
Rio de Janeiro , 1946
Na mais medonha das trevas Acabei de despertar Soterrado sob um túmulo. De nada chego a lembrar Sinto meu corpo pesar Como se fosse de chumbo. ...
Balada feroz
Rio de Janeiro , 1938
Canta uma esperança desatinada para que se enfureçam silenciosamente os cadáveres dos afogado Canta para que grasne sarcasticamente o corvo que tens pousado sobre a tua...
Balanço do filho morto
2013
Homem sentado na cadeira de balanço Sentado na cadeira de balanço Na cadeira de balanço De balanço Balanço do filho morto. Homem sentado na cadeira de...
Barcarola
Rio de Janeiro , 1946
Parti-me, trágico, ao meio De mim mesmo, na paixão. A amiga mostrou-me o seio Como uma consolação. Dormi-lhe no peito frio De um sono...