Meu coração se perde de carinho...
Rio de Janeiro , 2004
Meu coração se perde de carinho Por ti, ó pássaro oculto na noite! Tua voz pressaga é também uma elegia Sem mistérío; a...
Meus caros, volta-se porque se tem saudade...
Rio de Janeiro , 2004
Meus caros, volta-se porque se tem saudade Porque se foi feliz intimamente Volta-se porque se tocou num inocente E porque se encontrou tranqüilidade A despeito da...
Místico
Rio de Janeiro , 1933
O ar está cheio de murmúrios misteriosos E na névoa clara das coisas há um vago sentido de espiritualização... Tudo está cheio de ruídos...
Na esperança de teus olhos
Rio de Janeiro , 2004
Rio de Janeiro Eu ouvi no meu silêncio o prenúncio de teus passos Penetrando lentamente as solidões da minha espera E tu eras, Coisa Linda, me chegando dos...
Natal
Rio de Janeiro , 1962
De repente o sol raiou E o galo cocoricou: - Cristo nasceu! O boi, no campo perdido Soltou um longo mugido: - Aonde? Aonde? Com seu balido...
Noturnamente - se me lembro!...
Rio de Janeiro , 2004
Noturnamente - se me lembro! como que a estranha carga se diluía de meus ombros ante as irradiações esplêndidas E desembaraçado eu seguia através as...
O amor dos homens
Paris , 1962
Na árvore em frente Eu terei mandado instalar um alto-falante com que os passarinhos Amplifiquem seus alegres cantos para o teu lânguido despertar. Acordarás...
O bergantim da aurora
Rio de Janeiro , 1935
Velho, conheces por acaso o bergantim da aurora Nunca o viste passar quando a saudade noturna te leva para o convés imóvel dos rochedos? Há muito tempo ele me lançou sobre...
O bom ladrão
Rio de Janeiro , 1935
São horas, inclina o teu doloroso rosto sobre a visão da velha paisagem quieta Passeia o teu mais fundo olhar sobre os brancos horizontes onde há imagens perdidas Afaga num...
O bom pastor
Rio de Janeiro , 1933
Amo andar pelas tardes sem som, brandas, maravilhosas Com riscos de andorinhas pelo céu. Amo ir solitário pelos caminhos Olhando a tarde parada no tempo Parada no céu como um...
O cadafalso
Rio de Janeiro , 1935
Eu caí de joelhos diante do amor transtornado do teu rosto Estavas alta e imóvel — mas teus seios vieram sobre mim e me feriram os olhos E trouxeram sangue ao ar onde a tempestade...
O camelô do amor
Rio de Janeiro , 2004
Los Angeles O Amor tonifica o cabelo das mulheres Torna-o vivo e dá-lhe um brilho natural. Ondulações permanentes? só das do amor. Amai! Nada melhor...
O cemitério na madrugada
Rio de Janeiro , 1938
Às cinco da manhã a angústia se veste de branco E fica como louca, sentada, espiando o mar... É a hora em que se acende o fogo-fátuo da madrugada Sobre os...
O crocodilo
rio de Janeiro , 1954
O crocodilo que do Nilo Ainda apavora a cristandade Pode ser dócil como o filho Que chora ao ver-se desamado. Mas nunca como ele injusto Que se ergue hediondo de manhã E vai e...
O dia da criação
Rio de Janeiro , 1946
Macho e fêmea os criou. Bíblia: Gênese, 1, 27 I Hoje é sábado, amanhã é domingo A vida vem em ondas, como o...