Marina
Rio de Janeiro , 1946
Lembras-te das pescarias Nas pedras das Três-Marias Lembras-te, Marina? Na navalha dos mariscos Teus pés corriam ariscos Valente menina! ...
Mensagem a Rubem Braga
Rio de Janeiro , 1954
Os doces montes cônicos de feno (Decassílabo solto num postal de Rubem Braga, da Itália.) A meu amigo Rubem Braga Digam que vou, que vamos bem: só não...
Mormaço
Rio de Janeiro , 1933
No silêncio morno das coisas do meio-dia Eu me esvaio no aniquilamento dos agudíssimos do violino Que a menina pálida estuda há anos sem compreender. Eu sinto o letargo...
Na esperança de teus olhos
Rio de Janeiro , 2004
Rio de Janeiro Eu ouvi no meu silêncio o prenúncio de teus passos Penetrando lentamente as solidões da minha espera E tu eras, Coisa Linda, me chegando dos...
O assassino
rio de Janeiro , 1954
Meninas de colégio Apenas acordadas Desuniformizadas Em vossos uniformes Anjos longiformes De faces rosadas E pernas enormes Quem vos acompanha? Quem vos acompanha Colegiais...
O poeta aprendiz
Rio de Janeiro , 1962
Ele era um menino Valente e caprino Um pequeno infante Sadio e grimpante. Anos tinha dez E asinhas nos pés Com chumbo e bodoque Era plic e...
Paisagem
Rio de Janeiro , 1946
Subi a alta colina Para encontrar a tarde Entre os rios cativos A sombra sepultava o silêncio. Assim entrei no pensamento Da morte minha amiga Ao...
Poema de Auteil
Rio de Janeiro , 1959
A coisa não é bem essa. Não há nenhuma razão no mundo (ou talvez só tu, Tristeza!) Para eu estar andando nesse meio-dia por essa rua estrangeira...
Poesia 1
Rio de Janeiro , 1979
Elegia desesperada Oxford Alguém que me falasse do mistério do Amor Na sombra - alguém! alguém que me mentisse Em sorrisos, enquanto morriam os rios, enquanto...
Rua da amargura
Rio de Janeiro , 1933
A minha rua é longa e silenciosa como um caminho que foge E tem casas baixas que ficam me espiando de noite Quando a minha angústia passa olhando o alto. A minha rua tem avenidas...
Santa Maria tem terras...
Rio de Janeiro , 2004
Santa Maria tem terras Como outras iguais não há Tem pastagens, tem florestas Onde canta o sabiá Deus permita que, voltando Muito mais tempo...
Soneto de luz e treva
Rio de Janeiro , 2004
Itapuã Para a minha Gesse, e para que ilumine sempre a minha noite Ela tem uma graça de pantera No andar bem-comportado de menina. No molejo em que vem...
Todas as namoradas que eu já tive...
Rio de Janeiro , 2004
Todas as namoradas que eu já tive Estão noivas Uma só dentre todas não está noiva Casou-se. Nenhuma se lembra mais de mim As que...
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