A cidade antiga
Rio de Janeiro , 2004
Houve tempo em que a cidade tinha pêlo na axila E em que os parques usavam cinto de castidade As gaivotas do Pharoux não contavam em absoluto Com a posterior...
A espantosa ode a São Francisco de Assis
Rio de Janeiro , 2004
1 Meu são Francisco de Assis, Francisco de Assim, poverello, ou como te chame a sabedoria dos povos e dos homens Este é Vinicius de Moraes, de quem se podia dizer - o poeta - se...
A grande voz
Rio de Janeiro , 1933
É terrível, Senhor! Só a voz do prazer cresce nos ares. Nem mais um gemido de dor, nem mais um clamor de heroísmo Só a miséria da carne, e o mundo se...
A legião dos Úrias
Rio de Janeiro , 1935
Quando a meia-noite surge nas estradas vertiginosas das montanhas Uns após outros, beirando os grotões enluarados sobre cavalos lívidos Passam olhos brilhantes de rostos...
A legião dos Úrias
Rio de Janeiro , 1935
Quando a meia-noite surge nas estradas vertiginosas das montanhas Uns após outros, beirando os grotões enluarados sobre cavalos lívidos Passam olhos brilhantes de...
A lenda da maldição
Rio de Janeiro , 1935
A noite viu a criança que subia a escada cheia de risos e de sombras E pousou como um pássaro ferido sobre as árvores que choravam. A criança era o príncipe-poeta...
A máscara da noite
Rio de Janeiro , 1954
Sim, essa tarde conhece todos os meus pensamentos Todos os meus segredos e todos os meus patéticos anseios Sob esse céu como uma visão azul de incenso As estrelas são...
Balada das duas mocinhas de Botafogo
Rio de Janeiro , 1935
Eram duas menininhas Filhas de boa família: Uma chamada Marina A outra chamada Marília. Os dezoito da primeira Eram brejeiros e finos Os vinte...
Balada das meninas de bicicleta
Rio de Janeiro , 1946
Meninas de bicicleta Que fagueiras pedalais Quero ser vosso poeta! Ó transitórias estátuas Esfuziantes de azul Louras com peles mulatas ...
Balada do cavalão
Rio de Janeiro , 1946
A tarde morre bem tarde No morro do Cavalão... Tem um poder de sossego. Dentro do meu coração Quanto sangue derramado! Balança, rede,...
Balada do morto vivo
rio de Janeiro , 1954
Tatiana, hoje vou contar O caso do Inglês espírito Ou melhor: do morto vivo. Diz que mesmo sucedeu E a dona protagonista Se quiser pode ser vista No hospício mais...
Balada negra
Rio de Janeiro , 1935
Éramos meu pai e eu E um negro, negro cavalo Ele montado na sela, Eu na garupa enganchado. Quando? eu nem sabia ler Por quê? saber não me foi...
Canção
Rio de Janeiro , 1946
Não leves nunca de mim A filha que tu me deste A doce, úmida, tranqüila Filhinha que tu me deste Deixe-a, que bem me persiga Seu balbucio...
Canções
Rio de Janeiro , 1946
Soneto de fidelidade Vinicius de Moraes , Capiba "De tudo, ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu...
Cântico
Rio de Janeiro , 1946
Não, tu não és um sonho, és a existência Tens carne, tens fadiga e tens pudor No calmo peito teu. Tu és a estrela Sem nome, és a...