Redondilhas para Tati
Rio de Janeiro , 2004
Sem ti vivo triste e só (Bastasse o que já sofri... ) Sem ti sou ermo, sou pó Sou tristeza por aí... Sem ti... ah, dizer-te a ti! Mas se...
Rosário
Rio de Janeiro , 1946
E eu que era um menino puro Não fui perder minha infância No mangue daquela carne! Dizia que era morena Sabendo que era mulata Dizia que era...
Sombra e luz
Rio de Janeiro , 1946
I Dança Deus! Sacudindo o mundo Desfigurando estrelas Afogando o mundo Na cinza dos céus Sapateia, Deus Negro na noite Semeando...
Sonata do amor perdido
Rio de Janeiro , 1938
Lamento nº 1 Onde estão os teus olhos — onde estão? — Oh — milagre de amor que escorres dos meus olhos! Na água iluminada dos rios da lua eu os vi...
Soneto à lua
Rio de Janeiro , 1938
Por que tens, por que tens olhos escuros E mãos lânguidas, loucas e sem fim Quem és, quem és tu, não eu, e estás em mim Impuro, como o bem que está...
Soneto de criação
Rio de Janeiro , 2004
Rio de Janeiro Deus te fez numa fôrma pequenina De uma argila bem doce e bem morena Deu-te uns olhos minúsculos de china Que parecem ter sempre um olhar de...
Soneto de intimidade
Campo Belo , 1937
Nas tardes de fazenda há muito azul demais. Eu saio às vezes, sigo pelo pasto, agora Mastigando um capim, o peito nu de fora No pijama irreal de há três anos atrás....
Soneto de um casamento
Rio de Janeiro , 2004
Na sala de luz lívida, sorriam Sombras imóveis; e outras lacrimosas Perseguiam lembranças dolorosas Na exaltação das flores que morriam. ...
Soneto do breve momento
Rio de Janeiro , 2004
Belo Horizonte Plumas de ninhos em teus seios; urnas De rubras flores em teu ventre; flores Por todo corpo teu, terso das dores De primaveras loucas e noturnas. ...
Sonoridade
Rio de Janeiro , 1933
Meus ouvidos pousam na noite dormente como aves calmas Há iluminações no céu se desfazendo... O grilo é um coração pulsando no sono do espaço...
Sursum
Rio de Janeiro , 1935
Eu avanço no espaço as mãos crispadas, essas mãos juntas — lembras-te? — que o destino das coisas separou E sinto vir se desenrolando no ar o grande manto...
Tatiografia
Rio de Janeiro , 2004
Em Tati tem Taiti Ilha do amor e do adeus Tem avatá, Havaí! Taubaté, Aloha He... Tem medicina com mascate Pão de açúcar...
Três retratos
Rio de Janeiro , 1938
I Joya Joya, alegria da vida! Joya entra, Joya brinca Parola no telefone. Joya, esses teus olhos são Dois lagos de perfeição. Joya dizendo nome feio Joya falando...
Tríptico na morte de Sergei Mikhailovitch Eisenstein
Rio de Janeiro , 1957
I Camarada Eisenstein, muito obrigado Pelos dilemas, e pela montagem De Canal de Ferghama, irrealizado E outras afirmações. Tu foste a imagem Em movimento. Agora,...
Valsa à mulher do povo
rio de Janeiro , 1954
Oferenda Oh minha amiga da face múltipla Do corpo periódico e geral! Lúdica, efêmera, inconsútil Musa central-ferroviária! Possa esta valsa lenta e...