A estrela polar
Rio de Janeiro , 1946
Eu vi a estrela polar Chorando em cima do mar Eu vi a estrela polar Nas costas de Portugal! Desde então não seja...
A estrelinha polar
Rio de Janeiro , 1962
Oceano Atlântico, a bordo do Highland Patriot, a caminho da Inglaterra De repente o mar fosforesceu, o navio ficou silente O firmamento lactesceu todo em poluções vibrantes...
A floresta
Rio de Janeiro , 1933
Sobre o dorso possante do cavalo Banhado pela luz do sol nascente Eu penetrei o atalho, na floresta. Tudo era força ali, tudo era força Força ascencional da natureza. A luz...
A foca
Rio de Janeiro , 1970
Quer ver a foca Ficar feliz? É pôr uma bola No seu nariz. Quer ver a foca Bater palminha? É dar a ela Uma sardinha. Quer ver a foca Fazer uma briga? É...
A galinha-d'angola
Rio de Janeiro , 1970
Coitada Da galinha- D’angola Não anda Regulando Da bola Não para De comer A matraca E vive A reclamar Que está fraca: — “Tou fraca! Tou...
A grande voz
Rio de Janeiro , 1933
É terrível, Senhor! Só a voz do prazer cresce nos ares. Nem mais um gemido de dor, nem mais um clamor de heroísmo Só a miséria da carne, e o mundo se...
A hora íntima
Rio de Janeiro , 1950
Quem pagará o enterro e as flores Se eu me morrer de amores? Quem, dentre amigos, tão amigo Para estar no caixão comigo? Quem, em meio ao funeral ...
A impossível partida
Rio de Janeiro , 1935
Como poder-te penetrar, ó noite erma, se os meus olhos cegaram nas luzes da cidade E se o sangue que corre no meu corpo ficou branco ao contato da carne indesejada?... Como poder viver...
A infância é uma gaveta fechada, numa antiga cômoda de velhas magias...
Rio de Janeiro , 2004
A infância é uma gaveta fechada, numa antiga cômoda de velhas magias A regra pode-se enunciar assim: espera-se que a avó entre para descansar, depois vai-se pé...
A legião dos Úrias
Rio de Janeiro , 1935
Quando a meia-noite surge nas estradas vertiginosas das montanhas Uns após outros, beirando os grotões enluarados sobre cavalos lívidos Passam olhos brilhantes de rostos...
A legião dos Úrias
Rio de Janeiro , 1935
Quando a meia-noite surge nas estradas vertiginosas das montanhas Uns após outros, beirando os grotões enluarados sobre cavalos lívidos Passam olhos brilhantes de...
A lenda da maldição
Rio de Janeiro , 1935
A noite viu a criança que subia a escada cheia de risos e de sombras E pousou como um pássaro ferido sobre as árvores que choravam. A criança era o príncipe-poeta...
A manhã do morto
rio de Janeiro , 1954
O poeta, na noite de 25 de fevereiro de 1945, sonha que vários amigos seus perderam a vida num desastre de avião, em meio a uma inexplicável viagem para São Paulo. ...
A máscara da noite
Rio de Janeiro , 1954
Sim, essa tarde conhece todos os meus pensamentos Todos os meus segredos e todos os meus patéticos anseios Sob esse céu como uma visão azul de incenso As estrelas são...
A medida do abismo
Rio de Janeiro , 1962
Não é o grito A medida do abismo? Por isso eu grito Sempre que cismo Sobre tua vida Tão louca e errada... - Que grito...