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O príncipe pirata

Última Hora , 3 of January of 1952

Monumentais ruínas e imponentes castelos e templos medievais são o fundo desta mediocrérrima produção italiana O príncipe pirata, no primeiro plano da qual funcionam Vittorio Gassman, o físico bom à mostra para gáudio das platéias femininas, e Milly Vitale e Elvy Lissian, em antigos "tomara-que-caiam" de grande disponibilidade torácica. Galeras com impressionantes cariátides à proa, ambientes autênticos. Chipre, Amalfi e, ao que parece, muito Capri - nada disso conseguirá retirar este filme do poço do esquecimento em que está destinado a cair, tão certo como dois e dois são quatro. 

É uma pena, Gassman é um ator de possibilidades, as mulheres são bonitas, as ruínas - apesar de mal fotografadas - são belas. Mas o diretor Pietro Francisci estaria mais à vontade num filme de carnaval brasileiro. Trata-se de um completo perna-de-pau. 

Parece incrível, mas há uma aviltante influência de filmes de costumes hollywoodianos nesta produção italiana. As damas principais, numa superprodução de Hollywood, poderiam muito bem ser Lana Turner e Ruth Roman ou Ava Gardner, e a parte cômica, fornecida pelos dois companheiros náuticos de Gassman, estaria a calhar para uma dessas duplas tão comuns nos abacaxis americanos do gênero. Victor Mature se ajustaria como uma luva ao papel principal - é claro que sem a classe de Gassman. E a coisa é essa, meus senhores. Um mau princípio para 1952.