Namorados no mirante *
Rio de Janeiro , 1962
Rio de Janeiro Eles eram mais antigos que o silêncio A perscrutar-se intimamente os sonhos Tal como duas súbitas estátuas Em que apenas o olhar restasse...
Não comerei da alface a verde pétala
Los Angeles , 1962
Não comerei da alface a verde pétala Nem da cenoura as hóstias desbotadas Deixarei as pastagens às manadas E a quem mais aprouver fazer dieta. ...
No momento que a morte me viu...
Rio de Janeiro , 2004
No momento que a morte me viu E a cidade enorme calou um segundo para assistir ao último transe da minha agonia Alguém me deu a mão na rua E eu me voltando vi...
Notícia d'O Século
Rio de Janeiro , 1946
Nas terras do Geraz Que compreendem três populosas freguesias O povo ainda se mostra sucumbido Com o bárbaro crime do lavrador Manuel da Névoa E...
Noturnamente - se me lembro!...
Rio de Janeiro , 2004
Noturnamente - se me lembro! como que a estranha carga se diluía de meus ombros ante as irradiações esplêndidas E desembaraçado eu seguia através as...
O "Margarida's"
Rio de Janeiro , 1962
A.D. Margarida, pelos seus bons pratos, pelos seus bons tratos A cavaleiro de um bonito vale Em Petrópolis, ao fim de umas subidas Há um hotel que...
O amor dos homens
Paris , 1962
Na árvore em frente Eu terei mandado instalar um alto-falante com que os passarinhos Amplifiquem seus alegres cantos para o teu lânguido despertar. Acordarás...
O apelo
Rio de Janeiro , 1946
Que te vale, minha alma, essa paisagem fria Essa terra onde parecem repousar virgens distantes? Que te importa essa calma, essa tarde caindo sem vozes Esse ar onde as nuvens se...
O bergantim da aurora
Rio de Janeiro , 1935
Velho, conheces por acaso o bergantim da aurora Nunca o viste passar quando a saudade noturna te leva para o convés imóvel dos rochedos? Há muito tempo ele me lançou sobre...
O bom ladrão
Rio de Janeiro , 1935
São horas, inclina o teu doloroso rosto sobre a visão da velha paisagem quieta Passeia o teu mais fundo olhar sobre os brancos horizontes onde há imagens perdidas Afaga num...
O bom pastor
Rio de Janeiro , 1933
Amo andar pelas tardes sem som, brandas, maravilhosas Com riscos de andorinhas pelo céu. Amo ir solitário pelos caminhos Olhando a tarde parada no tempo Parada no céu como um...
O cadafalso
Rio de Janeiro , 1935
Eu caí de joelhos diante do amor transtornado do teu rosto Estavas alta e imóvel — mas teus seios vieram sobre mim e me feriram os olhos E trouxeram sangue ao ar onde a tempestade...
O camelô do amor
Rio de Janeiro , 2004
Los Angeles O Amor tonifica o cabelo das mulheres Torna-o vivo e dá-lhe um brilho natural. Ondulações permanentes? só das do amor. Amai! Nada melhor...
O cemitério na madrugada
Rio de Janeiro , 1938
Às cinco da manhã a angústia se veste de branco E fica como louca, sentada, espiando o mar... É a hora em que se acende o fogo-fátuo da madrugada Sobre os...
O crocodilo
rio de Janeiro , 1954
O crocodilo que do Nilo Ainda apavora a cristandade Pode ser dócil como o filho Que chora ao ver-se desamado. Mas nunca como ele injusto Que se ergue hediondo de manhã E vai e...