A brusca poesia da mulher amada
Rio de Janeiro , 1938
Longe dos pescadores os rios infindáveis vão morrendo de sede lentamente... Eles foram vistos caminhando de noite para o amor — oh, a mulher amada é como a fonte! A...
A espantosa ode a São Francisco de Assis
Rio de Janeiro , 2004
1 Meu são Francisco de Assis, Francisco de Assim, poverello, ou como te chame a sabedoria dos povos e dos homens Este é Vinicius de Moraes, de quem se podia dizer - o poeta - se...
A perdida esperança
Rio de Janeiro , 2004
Paris De posse deste amor que é, no entanto, impossível Este amor esperado e antigo como as pedras Eu encouraçarei o meu corpo impassível E à...
Algumas vezes tem acontecido que estando a amiga...
Rio de Janeiro , 2004
De repente calma, e eu em sua companhia Por causa de um céu azul, ou de um azul de nostalgia Ela me prende e me beija e me acarinha, e eu perdido por aquela Suavidade,...
Antiode à tristeza
Montevidéu , 1962
Ó enfermeira sem som do olhar sem cor Que refletida ao último infinito Pela lúcida insânia dos espelhos Passeias pelo imenso corredor Desta...
Balanço do filho morto
2013
Homem sentado na cadeira de balanço Sentado na cadeira de balanço Na cadeira de balanço De balanço Balanço do filho morto. Homem sentado na cadeira de...
Contemplações do poeta ao cair da noite
Rio de Janeiro , 1962
Ainda há pouco, a reler a página admirável de frei Luís de Sousa, cujo título, possivelmente dado pelos antologistas Álvaro Lins e Aurélio Buarque de...
Elegia na morte de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, poeta e Cidadão
rio de Janeiro , 1954
A morte chegou pelo interurbano em longas espirais metálicas. Era de madrugada. Ouvi a voz de minha mãe, viúva. De repente não tinha pai. No escuro de minha casa em Los...
O amor dos homens
Paris , 1962
Na árvore em frente Eu terei mandado instalar um alto-falante com que os passarinhos Amplifiquem seus alegres cantos para o teu lânguido despertar. Acordarás...
O bom ladrão
Rio de Janeiro , 1935
São horas, inclina o teu doloroso rosto sobre a visão da velha paisagem quieta Passeia o teu mais fundo olhar sobre os brancos horizontes onde há imagens perdidas Afaga num...
O camelô do amor
Rio de Janeiro , 2004
Los Angeles O Amor tonifica o cabelo das mulheres Torna-o vivo e dá-lhe um brilho natural. Ondulações permanentes? só das do amor. Amai! Nada melhor...
O corta-jaca
Rio de Janeiro , 2004
Rattus rattus rattus (Pelas sarjetas de Ipanema e do Leblon) Rattus rattus rattus (Estupefatos gatos fogem de pavor) Rattus rattus rattus A tua louca simetria ...
O infinito de Leopardi
Rio de Janeiro , 1962
Sempre cara me foi esta colina Erma, e esta sebe, que de tanta parte Do último horizonte, o olhar exclui. Mas sentado a mirar, intermináveis Espaços...
O mergulhador
Rio de Janeiro , 1959
E il naufragar m'è dolce in questo mare Leopardi Como, dentro do mar, libérrimos, os polvos No líquido luar tateiam a coisa a vir Assim, dentro...
O nascimento do homem
Rio de Janeiro , 1935
I E uma vez, quando ajoelhados assistíamos à dança nua das auroras Surgiu do céu parado como uma visão de alta serenidade Uma branca mulher de cujo sexo a luz...