O "Margarida's"
Rio de Janeiro , 1962
A.D. Margarida, pelos seus bons pratos, pelos seus bons tratos A cavaleiro de um bonito vale Em Petrópolis, ao fim de umas subidas Há um hotel que...
O bergantim da aurora
Rio de Janeiro , 1935
Velho, conheces por acaso o bergantim da aurora Nunca o viste passar quando a saudade noturna te leva para o convés imóvel dos rochedos? Há muito tempo ele me lançou sobre...
O camelô do amor
Rio de Janeiro , 2004
Los Angeles O Amor tonifica o cabelo das mulheres Torna-o vivo e dá-lhe um brilho natural. Ondulações permanentes? só das do amor. Amai! Nada melhor...
O corpo da amiga na sombra é um mistério de Deus...
Rio de Janeiro , 2004
O corpo da amiga na sombra é um mistério de Deus É teu corpo, amada? são teus seios, é tua clara clara risada Na sombra? não fujas... és...
O dia da criação
Rio de Janeiro , 1946
Macho e fêmea os criou. Bíblia: Gênese, 1, 27 I Hoje é sábado, amanhã é domingo A vida vem em ondas, como o...
O mágico
Rio de Janeiro , 1938
Diante do mágico a multidão boquiaberta se esquece. Não há mais lugar na Grande Praça: as ruas adjacentes se cobrem de uma negra onda humana. Em todas as casas a...
O Morro do Castelo
Rio de Janeiro , 2004
(A lira que não escreveu Gonzaga) Numa qualquer madrugada De uma qualquer quarta-feira O homem de pouca fé Faz uma barba ligeira (Que coisa...
O outro
Rio de Janeiro , 1935
Às vezes, na hora trêmula em que os espaços desmancham-se em neblina E a gaze da noite se esgarça suspensa na bruma dormente Eu sinto sobre o meu ser uma presença...
O peru
Rio de Janeiro , 1970
Glu! Glu! Glu! Abram alas pro peru! O peru foi a passeio Pensando que era pavão Tico-tico riu-se tanto Que morreu de congestão. O peru dança de roda Numa roda de...
O poeta aprendiz
Rio de Janeiro , 1962
Ele era um menino Valente e caprino Um pequeno infante Sadio e grimpante. Anos tinha dez E asinhas nos pés Com chumbo e bodoque Era plic e...
O poeta e a lua
rio de Janeiro , 1954
Em meio a um cristal de ecos O poeta vai pela rua Seus olhos verdes de éter Abrem cavernas na lua. A lua volta de flanco Eriçada de luxúria O poeta, aloucado e...
O poeta Hart Crane suicida-se no mar
Rio de Janeiro , 1953
Quando mergulhaste na água Não sentiste como é fria Como é fria assim na noite Como é fria, como é fria? E ao teu medo que por...
O vale do paraíso
Rio de Janeiro , 1933
Quando vier de novo o céu de maio largando estrelas Eu irei, lá onde os pinheiros recendem nas manhãs úmidas Lá onde a aragem não desdenha a pequenina flor...
Ode a maio
Rio de Janeiro , 2004
Maio dançarino! abre tuas asas diáfanas Sobre as corolas nascituras; limpa os céus De azul; aclara e alegra as águas do mundo Jovem, doce Maio! enxota...
Os malditos
Rio de Janeiro , 1935
(A aparição do poeta) Quantos somos, não sei... Somos um, talvez dois, três, talvez, quatro; cinco, talvez nada Talvez a multiplicação de cinco em...