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Soneto da mulher casual

Rio de Janeiro , 2004

Por não seres aquela que eu buscava 
Nem do meu ontem nada recordares, 
Por não haver, aquém e além dos mares, 
Alguém mais relva e seda, avena e lava; 

Por o efêmero e o vão me revelares 
Dos ídolos antigos que adorava 
E por assim sem cânticos chegares 
Quando de tudo eu já desesperava; 

E por seres feliz e por quereres 
A alguém que é feliz, até o resto 
De mim, quando talvez nem mais viveres, 

Serás, inesperada e longe amiga, 
Presente em todo pensamento, gesto 
E palavra de amor que tenha e diga.