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Natal

Rio de Janeiro , 1962

De repente o sol raiou 
E o galo cocoricou: 

- Cristo nasceu! 

O boi, no campo perdido 
Soltou um longo mugido: 

- Aonde? Aonde? 

Com seu balido tremido 
Ligeiro diz o cordeiro: 

- Em Belém! Em Belém! 

Eis senão quando, num zurro 
Se ouve a risada do burro: 

- Foi sim que eu estava lá! 

E o papagaio que é gira 
Pôs-se a falar: - É mentira! 

Os bichos de pena, em bando 
Reclamaram protestando. 

O pombal todo arrulhava: 
- Cruz credo! Cruz credo! 

Brava 
A arara a gritar começa: 

- Mentira? Arara. Ora essa! 
- Cristo nasceu! - canta o galo. 
- Aonde? - pergunta o boi. 
- Num estábulo! - o cavalo 
Contente rincha onde foi. 

Bale o cordeiro também: 

- Em Belém! Mé! Em Belém 

E os bichos todos pegaram 
O papagaio caturra 
E de raiva lhe aplicaram 
Uma grandíssima surra.

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