voltarPoesias

O riso

Rio de Janeiro , 1946

Aquele riso foi o canto célebre 
Da primeira estrela, em vão. 
Milagre de primavera intacta 
No sepulcro de neve 
Rosa aberta ao vento, breve 
Muito breve... 

Não, aquele riso foi o canto célebre 
Alta melodia imóvel 
Gorjeio de fonte núbil 
Apenas brotada, na treva... 
Fonte de lábios (hora 
Extremamente mágica do silêncio das aves). 

Oh, música entre pétalas 
Não afugentes meu amor! 
Mistério maior é o sono 
Se de súbito não se ouve o riso na noite.

Livros com essa poesia