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TOQUINHO E VINICIUS
RGE, 1971
Cola de reproducción letra/canción
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1 - Essa menina (TOQUINHO E VINÍCIUS)
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2 - Maria vai com as outras (TOQUINHO E VINÍCIUS)
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3 - Testamento (TOQUINHO E VINÍCIUS)
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4 - O poeta aprendiz (TOQUINHO E VINÍCIUS)
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5 - Eu não tenho nada a ver com isso (TOQUINHO E VINÍCIUS)
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6 - A terra prometida (TOQUINHO E VINÍCIUS)
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7 - Sei lá... a vida tem sempre razão (TOQUINHO E VINÍCIUS)
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8 - O Velho e a flor (TOQUINHO E VINÍCIUS)
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9 - O canto de Oxum (TOQUINHO E VINÍCIUS)
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10 - A rosa desfolhada (TOQUINHO E VINÍCIUS)
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11 - Morena flor (TOQUINHO E VINÍCIUS)
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12 - A flor da noite (TOQUINHO E VINÍCIUS)
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13 - Blues para Emmett (TOQUINHO E VINÍCIUS)
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Essa menina
Vinicius de Moraes, Toquinho
Você não tem mesmo o que fazer, essa menina
Como é que você já fica toda feminina
Como é que você olha pra mim
Com essa falta de respeito
Olhe que isso assim não está direito, essa menina
Como é que você novinha assim toda se empina
Como é que você quando me vê
Sai requebrando desse jeito
Tudo nesta vida tem a sua hora, viu?
Pois você me diga agora onde é que já se viu
Querer ser colhida assim tão fora de estação?
Olhe, essa menina, suma, vá-se embora, tenha compaixão
Eu já nem sei mais o que fazer com essa menina
Sem desmerecer sua beleza tão divina
Bem, ela vai ver, então vai ser
Tal como manda a natureza, viu?
Tonga Editora Musical LTDA -
Maria vai com as outras
Vinicius de Moraes, Toquinho
Maria era uma boa moça
Pra turma lá do Gantois
Era a Maria vai com as outras
Maria de coser, Maria de casar
Porém o que ninguém sabia
É que tinha um particular
Além de coser, além de rezar
Também era Maria de pecar
Tumba-ê, caboclo, tumba lá e cá
Tumba-ê, guerreiro, tumba lá e cá
Tumba-ê, meu pai, tumba lá e cá
Não me deixe só, tumba lá e cá
Maria que não foi com as outras
Maria que não foi pro mar
No dia dois de fevereiro
Maria não brincou na festa de lemanjá
Não foi jogar água-de-cheiro
Nem flores pra sua Orixá
Aí, Iemanjá pegou e levou
O moço de Maria para o mar
Tumba-ê, caboclo, tumba lá e cá
Tumba-ê, guerreiro, tumba lá e cá
Tumba-ê, meu pai, tumba lá e cá
Não me deixe só, tumba lá e cá
Tonga Editora Musical LTDA -
Testamento
Vinicius de Moraes, Toquinho
Você que só ganha pra juntar
O que é que há, diz pra mim, o que é que há?
Você vai ver um dia
Em que fria você vai entrar
Por cima uma laje
Embaixo a escuridão
É fogo, irmão! É fogo, irrnão!
Falado
Pois é, amigo, como se dizia antigamente, o buraco é mais embaixo... E você com todo o seu baú, vai ficar por lá na mais total solidão, pensando à beça que não levou nada do que juntou: só seu terno de cerimônia. Que fossa, hein, meu chapa, que fossa...
Cantado
Você que não pára pra pensar
Que o tempo é curto e não pára de passar
Você vai ver um dia, que remorso!
Como é bom parar
Ver um sol se pôr
Ou ver um sol raiar
E desligar, e desligar
Falado
Mas você, que esperança... Bolsa, títulos, capital de giro, public relations (e tome gravata!), protocolos, comendas, caviar, champanhe (e tome gravata!), o amor sem paixão, o corpo sem alma, o pensamento sem espírito
(e tome gravata!) e lá um belo dia, o enfarte; ou, pior ainda, o psiquiatra
Cantado
Você que só faz usufruir
E tem mulher pra usar ou pra exibir
Você vai ver um dia
Em que toca você foi bulir!
A mulher foi feita
Pro amor e pro perdão
Cai nessa não, cai nessa não
Falado
Você, por exemplo, está aí com a boneca do seu lado, linda e chiquérrima, crente que é o amo e senhor do material. É, amigo, mas ela anda longe, perdida num mundo lírico e confuso, cheio de canções, aventura e magia. E você nem sequer toca a sua alma. É, as mulheres são muito estranhas, muito estranhas
Cantado
Você que não gosta de gostar
Pra não sofrer, não sorrir e não chorar
Você vai ver um dia
Em que fria você vai entrar!
Por cima uma laje
Embaixo a escuridão
É fogo, irmão! É fogo, irmão!
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O poeta aprendiz
Vinicius de Moraes, Toquinho
Ele era um menino
Valente e caprino
Um pequeno infante
Sadio e grimpante.
Anos tinha dez
E asinhas nos pés
Com chumbo e bodoque
Era plic e ploc.
O olhar verde-gaio
Parecia um raio
Para tangerina
Pião ou menina.
Seu corpo moreno
Vivia correndo
Pulava no escuro
Não importa que muro
E caía exato
Como cai um gato.
No diabolô
Que bom jogador
Bilboquê então
Era plim e plão.
Saltava de anjo
Melhor que marmanjo
E dava o mergulho
Sem fazer barulho.
No fundo do mar
Sabia encontrar
Estrelas, ouriços
E até deixa-dissos.
Às vezes nadava
Um mundo de água
E não era menino
Por nada mofino
Sendo que uma vez
Embolou com três.
Sua coleção
De achados do chão
Abundava em conchas
Botões, coisas tronchas
Seixos, caramujos
Marulhantes, cujos
Colocava ao ouvido
Com ar entendido
Rolhas, espoletas
E malacachetas
Cacos coloridos
E bolas de vidro
E dez pelo menos
Camisas-de-vênus.
Em gude de bilha
Era maravilha
E em bola de meia
Jogando de meia -
Direita ou de ponta
Passava da conta
De tanto driblar.
Amava era amar.
Amava sua ama
Nos jogos de cama
Amava as criadas
Varrendo as escadas
Amava as gurias
Da rua, vadias
Amava suas primas
Levadas e opimas
Amava suas tias
De peles macias
Amava as artistas
Das cine-revistas
Amava a mulher
A mais não poder.
Por isso fazia
Seu grão de poesia
E achava bonita
A palavra escrita.
Por isso sofria.
Da melancolia
De sonhar o poeta
Que quem sabe um dia
Poderia ser.
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Eu não tenho nada a ver com isso
Vinicius de Moraes, Toquinho
Eu não tenho nada a ver com isso
Nem sequer nasci em Niterói
Não me chamo João
E não tenho, não
Qualquer vocação pra ser herói
Venho de três raças muito tristes
E eis por que o viver tanto me dói
Deito em minha rede
Mato a minha sede
Quanta mulher nua na Playboy!
Porém daqui a uns anos mais
Vão ser cem milhões
Cem milhões só de Pelés
E de violões
Que país mais tão feliz!
Deixa o Brasil andar
As estatísticas revelam:
No ano dois mil
Todo mundo vai ser jovem
No meu Brasil
Reparou como é que eu
Ando sutil demais?
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Sei lá... a vida tem sempre razão
Vinicius de Moraes, Toquinho
Tem dias que eu fico
Pensando na vida
E sinceramente
Não vejo saída
Como é, por exemplo
Que dá pra entender
A gente mal nasce
Começa a morrer
Depois da chegada
Vem sempre a partida
Porque não há nada
Sem separação
Sei lá, sei lá
A vida é uma grande ilusão
Sei lá, sei lá
Só sei que ela está com a razão
A gente nem sabe
Que males se apronta
Fazendo de conta
Fingindo esquecer
Que nada renasce
Antes que se acabe
E o sol que desponta
Tem que anoitecer
De nada adianta
Ficar-se de fora
A hora do sim
É um descuido do não
Sei lá, sei lá
Só sei que é preciso paixão
Sei lá, sei lá
A vida tem sempre razão
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O velho e a flor
Vinicius de Moraes, Toquinho, Luis Enrique Bacalov
Por céus e mares eu andei
Vi um poeta e vi um rei
Na esperança de saber o que é o amor
Ninguém sabia me dizer
E eu já queria até morrer
Quando um velhinho com uma flor assim falou
O amor é o carinho
É o espinho que não se vê em cada flor
É a vida quando
Chega sangrando
Aberta em pétalas de amor
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O canto de Oxum
Vinicius de Moraes, Toquinho
Nhem-nhem-nhem
Nhem-nhem-nhem-xorodó
Nhem-nhem-nhem-xorodó
É o mar, é o mar
Fé-fé xorodó!
Xangô andava em guerra
Vencia toda a terra
Tinha ao seu lado
Inhansã pra lhe ajudar
Oxum era rainha
Na mão direita tinha
O seu espelho onde vivia a se mirar
Quando Xangô voltou
O povo celebrou
Teve uma festa que ninguém mais esqueceu
Tão linda Oxum entrou
Que veio o Rei Xangô
E a colocou no trono esquerdo ao lado seu
Inhansã apaixonada
Cravou a sua espada
No lugar vago que era o trono da traição
Chamou um temporal
E no pavor geral
Correu dali gritando a sua maldição! -
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Morena flor
Vinicius de Moraes, Toquinho
Morena flor
Me dê um cheirinho
Cheinho de amor
Depois também
Me dê todo esse denguinho
Que só você tem
Sem você
O que ia ser de mim
Eu ia ficar tão triste
Tudo ia ser tão ruim
Acontece que a Bahia
Fez você todinha assim
Só pra mim
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A flor da noite
Vinicius de Moraes, Toquinho
Na solidão escura
Do velho Pelourinho
Matilde, a louca mansa
Vivia mercando assim:
Olha a flor da noite ...
Olha a flor da noite ...
Seria a flor da noite
A luz da estrela solitária
A tremular tão pura
Sobre o velho Pelourinho?
Ou o som da voz ausente
Da menina triste
Que mercava o seu triste descaminho:
Olha a flor da noite ...
Olha a flor da noite ...
Ou seria a flor da noite
A face oculta atrás da aurora
Por quem o homem luta
Desde nunca até agora
A louca aprisionada
Pelos monstros do poente
E que avisa e grita alucinadamente:
Olha a flor da noite ...
Olha a flor da noite ...
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