Lamento ouvido não sei onde
Rio de Janeiro , 1938
Minha mãe, toma cuidado Não zanga assim com meu pai Um dia ele vai-se embora E não volta nunca mais. O mau filho à casa torna ...
Lapa de Bandeira
Rio de Janeiro , 1962
(Quinta rima) A Manuel Bandeira Existia, e ainda existe Um certo beco na Lapa Onde assistia, não assiste Um poeta no fundo triste No alto de um...
Lápide de Sinhazinha Ferreira
Rio de Janeiro , 1946
A vida sossega Lírios em repouso Adormecestes cega Na visão do esposo. A paixão é pouso Que a treva não nega A morte...
Lembrete
Rio de Janeiro , 2004
A nunca esquecer: as manhãs Da infância, os pães alemães A sala escura Na casa da rua...
Lisboa tem terremoto...
Rio de Janeiro , 2004
Lisboa tem terremoto Porém, em compensação Tem muitas cores no céu Muitos amores no chão Tem, numa casa pequena O poeta Alexandre...
Lopes Quintas
Rio de Janeiro , 2004
(A rua onde nasci) A minha rua é longa e silenciosa como um caminho que foge E tem casas baixas que ficam me espiando de noite Quando a minha angústia passa...
Madrigal
Rio de Janeiro , 2004
Nem os ruídos do mar, nem os do céu, nem as modulações frescas Da campina; nem os ermos da noite sussurrando sossegos na sombra, nem os cantos votivos da morte, nem as...
Mar
Rio de Janeiro , 1946
Na melancolia de teus olhos Eu sinto a noite se inclinar E ouço as cantigas antigas Do mar. Nos frios espaços de teus...
Marina
Rio de Janeiro , 1946
Lembras-te das pescarias Nas pedras das Três-Marias Lembras-te, Marina? Na navalha dos mariscos Teus pés corriam ariscos Valente menina! ...
Marinha
Rio de Janeiro , 1946
Na praia de coisas brancas Abrem-se às ondas cativas Conchas brancas, coxas brancas Águas-vivas. Aos mergulhares...
Mário
Rio de Janeiro , 2004
Entre meditabundo e solonento Sobre a fofa delícia da almofada Ele vai perseguindo na jornada Através o Ottocento e o Novecento Não o tires dali que...
Máscara mortuária de Graciliano Ramos
Rio de Janeiro , 1953
Feito só, sua máscara paterna, Sua máscara tosca, de acre-doce Feição, sua máscara austerizou-se Numa preclara decisão...
Medo de amar
Rio de Janeiro , 2004
Petrópolis O céu está parado, não conta nenhum segredo A estrada está parada, não leva a nenhum lugar A areia do tempo escorre de entre meus...
Menino morto pelas ladeiras de Ouro Preto
Rio de Janeiro , 1959
Hoje a pátina do tempo cobre também o céu de outono Para o teu enterro de anjinho, menino morto Menino morto pelas ladeiras de Ouro Preto. Berçam-te o...
Mensagem à poesia
rio de Janeiro , 1954
Não posso Não é possível Digam-lhe que é totalmente impossível Agora não pode ser É impossível Não posso. Digam-lhe que...